Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 27 de março de 2019
Líderes governistas cobraram do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, um pedido de desculpas formal do governo ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Mais especificamente, partindo do presidente Jair Bolsonaro. A exigência foi feita na terça-feira (26), em uma reunião com os deputados da base. Onyx não prometeu nada. Ficou de levar a demanda ao chefe.
“Cobramos menos ataques do presidente [Jair Bolsonaro] ao Rodrigo [Maia]. A situação não pode ficar como está. O Onyx [Lorenzoni] saiu de lá com a promessa de que vai conversar com Bolsonaro”, afirmou o líder do PSL, Delegado Waldir.
O encontro veio após uma semana em que a articulação política, que já era alvo de críticas na própria base há semanas, degringolou. E a reforma da Previdência, prioridade máxima de Jair Bolsonaro neste primeiro semestre, estagnou de vez na Câmara. A PEC (proposta de emenda à Constituição), que chegou à Casa em 20 de fevereiro, está na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) ainda sem relator definido.
Na semana passada, um clima bélico tomou conta dos corredores da Casa, com bate-boca pela imprensa entre Maia e ministros de Bolsonaro. O ápice parecia ter vindo na sexta-feira (22), quando o presidente da Câmara, principal fiador da reforma, articulador máximo da PEC, decidiu deixar as negociações em prol do texto.
Porém, o momento de maior tensão ocorreu no fim de semana, quando Rodrigo Maia afirmou que não há governo, que a atual gestão é um “deserto de ideias” e trabalhou contra a sua reeleição ao cargo. E, agora, segundo ele, joga toda a responsabilidade pela aprovação da reforma em suas costas.
Bolsonaro retrucou. Ele disse que não deu motivo para insatisfação, tentou associar o deputado à “velha política” e sugeriu que o parlamentar estava nervoso por causa da prisão do ex-ministro Moreira Franco, padrasto de sua esposa, que havia sido preso na operação que também prendeu o ex-presidente Michel Temer. Afirmou ainda que já cumpriu o seu papel ao mandar a proposta ao Congresso.
“O Rodrigo é o maior e melhor articulador da PEC da reforma aqui de dentro, e o governo precisa respeitá-lo”, concluiu o Delegado Waldir. Um líder de um partido do Centrão (bloco formado por DEM, PRB, PR, PP e SD), que preferiu não se identificar, contou que a reunião pareceu tranquila, mas havia um “sensação de caos” no ar.
“Eles sabem que a situação está muito ruim para eles aqui. Precisam construir, a essa altura do campeonato, algo que já deviam estar fazendo há muito tempo. Estão alcançando os cem dias sem nada para apresentar. Ao contrário. Tendo que apagar incêndio”, disse o líder.