Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por adm | 15 de janeiro de 2020
A novela intitulada Negligência com Dinheiro Público se repete há décadas em Estados e Municípios. Os capítulos se desdobram de modo interminável. Poucas vezes, o final foge ao costumeiro e crescente endividamento dos governos.
Valiosa mudança no roteiro
No começo de 1991, o governo do Estado de São Paulo acumulava meses de atrasos no pagamento de salários do funcionalismo público. Inconformadas com os prejuízos em seus negócios, lideranças empresariais se uniram e aterrissaram para audiência no Palácio Bandeirantes.
Abriram as cartas
Chegando ao gabinete do governador Orestes Quercia, recém empossado, anunciaram no começo da reunião restrita:
1º) buscavam um voo de reencontro da sociedade com o Estado; 2º) para as lideranças, a política era a busca do interesse público e o compromisso de somar diversas vontades; 3º) estavam cansados de ouvir mentiras contadas em campanhas eleitorais e ver o setor público mergulhado na Miserópolis; 4º) não mais seriam assistentes de apresentações de óperas bufas e comédias ao estilo pastelão patrocinadas com tributos.
Por fim, anunciaram a suspensão do pagamento de impostos por três meses, se não houvesse ataque às causas determinantes das despesas que excediam em muito as receitas.
Não resistiu
O governador Quercia respirou fundo, olhou para seus assessores que pareciam estar voltando de outra galáxia e se comprometeu a resolver os problemas em cinco meses. Concordando com a parceria oferecida, atirou-se na tarefa que cumpriu em grande parte durante um ano e meio, até atingir o equilíbrio.
O exemplo foi dado
Lideranças empresariais do Rio Grande do Sul, acostumadas a ficar na platéia como espectadoras, deveriam seguir a trilha dos paulistas. Bastam decisão e coragem.
Para comparar
O orçamento total do governo do Rio Grande do Sul para este ano é de 61 bilhões e 200 milhões de reais. O da Prefeitura de São Paulo vai a 68 bilhões e 900 milhões.
Nem tudo está perdido
Passado o período de ajustes estruturais, com as reformas administrativa e previdenciária, além da redução de cargos e custeio da máquina, o governo se prepara para um 2020 com mais investimentos públicos. A estimativa é aplicar 8,7 bilhões de reais. O valor é cerca de 340 por cento maior ao que de 2019.
A notícia se refere ao governo do Paraná e foi publicada há quatro dias pelo Diário Industria & Comércio, de Curitiba.
Quanto à capacidade de investimento do governo do Rio Grande do Sul este ano, mal chegará a 1 bilhão de reais, sendo apenas 308 milhões com recursos próprios.
Bola de neve
Em janeiro do ano passado, o governo do Estado anunciou, em entrevista coletiva no Palácio Piratini, que a dívida acumulada pelo não pagamento do piso básico do magistério era de 33 bilhões de reais. Ontem, foi revelado o novo valor: 40 bilhões de reais. Previsão para 2021: chegará a 46 bilhões.
Ninguém ganhou com a greve
Perderam todos: 1º) os alunos das escolas públicas do Estado, que não assimilarão conteúdos dos 57 dias sem aulas, porque a recuperação será a jato; 2º) o magistério que já realizou assembleias, lotando o Gigantinho com 15 participantes, ao longo de 40 anos. Ontem, foram 1 mil e 318 professores no pátio de uma escola no Quarto Distrito, revelando que a grande maioria da categoria conhece a situação de penúria do caixa da Secretaria da Fazenda; 3º) o governo, que não consegue ser convincente para explicar as dificuldades.
Hora da verdade
A Contadoria e Auditoria-Geral do Estado anunciará, dia 31 deste mês, o balanço de 2019. Serão conferidas as promessas e o que ficou no meio do caminho por falta de dinheiro.,
Há 35 anos
Começava uma nova era a 15 de janeiro de 1985, pondo fim ao regime militar: o Colégio Eleitoral escolheu para presidente Tancredo Neves, que recebeu 480 votos. Paulo Maluf não passou de 180 votos.
Outro registro
A 15 de janeiro de 1980, foi fundado o PMDB. Desde outubro de 1992, quando Ulysses Guimarães faleceu, o partido perdeu o regente e acrescentou RI na sigla, tornando-se Repúblicas Independentes do PMDB. Uma das consequências foi a frequência cada vez maior da notícia: o partido tenta aumentar o número de cargos em governos para os quais se ofereceu e entrou na carona.
É a tentação
A cada ano eleitoral, reabre-se a temporada do vo-tox: a busca dos votos misturada a promessas com botox.