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Por Redação O Sul | 24 de maio de 2019
Incertezas na política e na economia levaram a confiança do consumidor ao menor patamar em sete meses. No caso das famílias mais ricas, a confiança mostrou a mais forte queda em quase cinco anos, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuou 2,9 pontos de abril para maio e ficou em 86,68 pontos, menor nível desde outubro de 2018. No caso das famílias com renda mensal superior a R$ 9.600, o ICC caiu 6,9 pontos – não se via uma queda com essa intensidade desde novembro de 2014 (-8,2 pontos). As informações são do jornal Valor Econômico e da FGV.
Explicações
Para Viviane Seda, coordenadora das sondagens da fundação, uma das explicações para a queda da confiança entre os mais ricos é que essa faixa de renda é mais escolarizada e acompanha mais atentamente os noticiários político e econômico – que mostram sinais de turbulência na articulação política, como dificuldades na aprovação de reformas como a da Previdência; e na condução de política econômica. Ainda que a confiança tenha caído mais entre as famílias de renda maior, houve recuo em todas as faixas.
Na faixa de até R$ 2.100 mensais, o recuo foi de 6,2 pontos; entre R$ 2.100,01 e R$ 4.800,00 a queda foi de 0,2 ponto; e entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600,00 a retração foi de 2,7 pontos. “O resultado é homogêneo [de queda de confiança].” Além de desconfiança quanto ao futuro, o cenário atual não mostra sinais favoráveis, observou a economista. Ela citou a evolução dos sub-indicadores componentes do ICI. O Índice de Expectativas caiu 2,2 pontos entre abril e maio, para 96,5 pontos; e o Índice de Situação Atual caiu 3,7 pontos, para 73,4 pontos, a mais intensa queda desde junho de 2018 (-4,3 pontos), época da greve dos caminhoneiros.
Indicadores
A especialista observou que, no momento, praticamente todos os indicadores macroeconômicos, como juros, emprego e atividade, estão “em situação pior ou de queda”. “O consumidor está esperando o mercado de trabalho melhorar, e isso não está acontecendo”, acrescentou. Isso eleva a cautela e inibe compras, salientou. “O consumidor está meio perdido com o que vai acontecer e começou a ficar menos satisfeito”, afirmou.
Inflação
Em maio, a expectativa mediana dos consumidores brasileiros para a inflação nos 12 meses seguintes subiu 0,1 ponto percentual ao passar de 5,3% em abril para 5,4%, acumulando alta de 0,5 p.p. nos três últimos meses.
“O aumento da expectativa de inflação para os próximos meses se origina em parte na percepção do aumento conjuntural de preços mas também na queda da confiança, influenciada pelo forte aumento da incerteza econômica. Apesar disso, considerando-se o diferencial histórico entre as previsões dos consumidores e da inflação medida pelo IPCA, por exemplo, os números ainda são bastante moderados, compatíveis com uma inflação oficial na meta”, afirma Viviane Seda Bittencourt.