Quarta-feira, 16 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 7 de julho de 2019
Parlamentares franceses de oposição, do partido de direita Republicanos, assinaram um artigo, divulgado pelo jornal francês Le Parisien neste domingo (07), contrário ao acordo de livre comércio firmado entre o Mercosul e a UE (União Europeia).
Para os signatários do artigo, o pacto é “um erro econômico e horror ecológico”. Assinam o texto o deputado e candidato à presidência pelo partido, Guillaume Larrivé, e outros 52 parlamentares do Republicanos. Eles alegam que o acordo, assinado em 28 de junho, “é contrário ao interesse nacional”.
O texto questiona “como justificar a imposição de padrões cada vez maiores aos criadores franceses, ao mesmo tempo em que abrimos nossas portas para produções agrícolas que não as respeitam?”. Os parlamentares de oposição também defendem a criação de uma “barreira ecológica para as fronteiras da Europa para impedir importações de países que não respeitem” os padrões ambientais franceses.
Na avaliação deles, o acordo entre o Mercosul e a União Europeia “daria o golpe de misericórdia” nos agricultores e pecuaristas franceses e que, por este motivo, se mobilizariam na Assembleia Nacional e no Parlamento Europeu para que o acordo “fatídico” não seja ratificado.
Para entrar em vigência, o acordo assinado precisa ser aprovado pelos Legislativos das nações da União Europeia e pelo Congresso dos quatro países do Mercosul – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Segundo o Ministério da Economia, o acordo permitirá a expansão de 87,5 bilhões de dólares no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em quinze anos. Considerando a redução esperada das barreiras não tarifárias e o aumento da produtividade dos fatores dos setores produtos do país, esse ganho poderá chegar a 125 bilhões de dólares. A pasta estima a elevação de 113 bilhões de dólares nos investimentos no Brasil, e o comércio entre Brasil e a União Europeia deverá alcançar 100 bilhões de dólares em 2035.
Assinatura
Entre os jornalistas que cobrem o Mercosul há tempos, o acordo entre o bloco e a União Europeia já tinha virado motivo de piada. Nas seguidas cúpulas do bloco, era comum dizermos entre nós: “Aposto que vão falar que estão avançando com o acordo com a União Europeia”. E não dava outra. Chanceler atrás de chanceler, presidente atrás de presidente, anunciavam “avanços” na tal negociação. Tenho uma colega que estava grávida quando mencionaram o acordo pela primeira vez.
Quando estávamos na correria de preparar os textos sobre o tratado fechado, no dia 29, ela nos lembrou de que o filho já está na faculdade. Porém, é fato que se percebeu um maior engajamento quando assumiu, na chancelaria argentina, Susana Malcorra. Ela sempre enfatizava que os sinais positivos da Europa eram muito claros.
Nesses anos, o Brasil esteve em transição entre Dilma Rousseff e Michel Temer. Os chanceleres José Serra e Aloysio Nunes também passaram a mostrar mais entusiasmo. A ansiedade da Argentina em provar que o mote de campanha de Mauricio Macri em 2015, o de “devolver a Argentina ao mundo”, foi sentida nas conversas com integrantes das equipes técnicas do país.
Na visita que Jair Bolsonaro fez a Macri, em junho, o assunto veio à tona com mais força. O ministro Paulo Guedes, pego de surpresa por jornalistas brasileiros nos corredores da Casa Rosada, não hesitou em dar uma data. Disse que o acordo sairia em três ou quatro semanas, ou seja, justamente na reunião de Bruxelas.