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Geral Psicólogos debatem o hábito de beijar filhos na boca

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O ex-jogador David Beckham e a filha mais nova dão um "selinho". (Foto: Reprodução)

Todos os dias, a imagem de uma mãe dando um “selinho” na boca da filha invade a casa de uma legião de brasileiros. No retrato que aparece na abertura da novela “Por amor”, reprisada na faixa “Vale a pena ver de novo”, ninguém menos do que Regina Duarte, a eterna namoradinha do Brasil, dá um afetuoso beijo em sua filha, Gabriela. Exibido pela primeira vez em 1998, o folhetim de Manoel Carlos já foi reprisado algumas vezes sem que a fotografia suscitasse debates. Mas muita coisa mudou nos últimos anos, e fotos em que pais aparecem beijando seus filhos na boca andam motivando discussões acaloradas nas redes sociais, enquanto psicólogos se dividem sobre o tema.

Um dos casos mais recentes envolveu a atriz Adriane Galisteu, que recebeu críticas nos comentários da foto de um selinho entre o marido, o empresário Alexandre Iódice, e o filho, Vittorio, de 9 anos. “Feio e desnecessário”, escreveu uma pessoa, ao passo que outra fez coro: “para mostrar amor por um filho não precisa beijar a boca”. A atriz, então, achou prudente responder diretamente a alguns seguidores. Em uma das suas réplicas, disse: “Aqui a gente dá muito beijo mesmo, aqui a gente não se desgruda, aqui não temos preconceito, aqui só é bem-vindo quem ama”.

Mais de duas décadas depois de “Por amor” estrear em horário nobre, Gabriela faz coro à colega de profissão. No seu caso, ela considera o uso da foto com a mãe na abertura da novela um momento marcante: “Adoro lembrar dele. Essa foto representa o puro afeto que eu e ela temos uma pela outra”.

A troca de bitocas, aliás, foi transmitida entre as gerações, na família de Gabriela. “O selinho é e sempre foi liberado aqui em casa. Ele não é nada além de muito amor entre nós”, diz a atriz, referindo-se aos filhos, Manuela, de 12 anos, e Frederico, de 8, frutos de seu casamento com o fotógrafo Jairo Goldfuss.

Na opinião dela, críticas como as que foram feitas à Adriane Galisteu não fazem o menor sentido. “É inacreditável sexualizar e criticar um gesto tão afetuoso entre mães, pais e filhos. Cada família tem o seu modo de ser. É apenas uma forma carinhosa de lidar. Será que essas pessoas se impressionam também com a quantidade de ódio e violência na TV aberta?”, questiona.

A prática divide opiniões entre profissionais. Para o psicólogo clínico Ailton Amélio, professor aposentado da USP, o tal beijo pode causar problemas posteriores. “Na fase adulta ou na juventude, as pessoas podem vir a adquirir conceitos que as levem a condenar retroativamente o que aconteceu durante a infância. Podem se sentir violadas e ter raiva dos pais, por exemplo.”

No cenário internacional, o debate também é quente. Em novembro do ano passado, o ex-jogador de futebol britânico David Beckham foi muito criticado na internet por dar um selinho na filha Harper, de 7 anos. Sem se importar com a repercussão, ele repetiu o gesto carinhoso em junho deste ano, durante um jogo da Copa do Mundo Feminina. Jogador de futebol americano e marido de Gisele Bündchen, Tom Brady também já foi clicado algumas vezes dando um selinho em seu filho Benjamin.

A discussão acontece, segundo Ailton, porque o beijo é um comportamento cultural, naturalizado de diferentes maneiras em cada sociedade. Como ele lembra, há países em que o beijo na boca entre dois homens como cumprimento é rotineiro e desprovido de carga sexual, diferente do que acontece no Brasil, por exemplo.

A psicóloga clínica infantil Maria Luiza Bustamante, professora aposentada do instituto de psicologia da Uerj, é ainda mais incisiva ao comentar o assunto: “É errado e não deve ser feito”. Ela justifica a opinião com o fato de o beijo na boca ser uma prática muito sexualizada na cultura ocidental. “Não podemos prever as consequências desses beijos, já que tudo vai depender da relação entre pais e filhos. Mas há um alto risco de causar confusão na mente da criança. Na nossa cultura, o beijo na boca é erotizado. Na bochecha, não.”

Já o psicólogo e pesquisador da comunicação humana da UFMG Cláudio Paixão, doutor em Psicologia Social, não considera o hábito condenável. “Tudo vai depender de como se dá a troca de afeto na família. Se o selinho é naturalizado, não o vejo como algo prejudicial. O problema, muitas vezes, está na interpretação de terceiros, que têm um olhar maldoso”, discorre ele, acrescentando uma ponderação: “Devemos lembrar que uma pessoa pode pegar na mão de outra munida de uma conotação sexual muito maior do que a de um beijo na boca”.

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https://www.osul.com.br/psicologos-debatem-o-habito-de-beijar-filhos-na-boca/ Psicólogos debatem o hábito de beijar filhos na boca 2019-08-14
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