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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Ufa! Temos emoções pra dar, vender e emprestar. A mais recente é a repercussão de reportagem do Jornal Nacional. Na terça, o JN noticiou o depoimento do porteiro do condomínio onde o presidente reside no Rio. Ele associou o nome do ilustre morador ao caso Marielle Franco. Bolsonaro, lá das Arábias, reagiu. Disse que a matéria faltava com a verdade.

Na briga de versões, o procurador-geral da República entrou no pega pra capar. Com uma palavra, desqualificou a notícia: “É factoide”, disse ele. O vocábulo rima com asteroide, debiloide, cretinoide. Elas têm um denominador comum. Terminam com -oide.

As quatro letrinhas vêm do grego. Querem dizer forma, aparência, imagem. Asteroide é o que tem aparência de astro. Debiloide, de débil mental. Cretinoide, de cretino. Factoide joga no mesmo time. Tem aparência de fato. Mas fato não é.

O segredo

O segredo do bom texto consiste em dizer de modo fácil coisas profundas, significativas e reveladoras, não em dizer coisas simples e óbvias de modo complicado.” (Edméia G. Neiva)

Enem

Hoje é dia de Enem. Mais de 5 milhões de estudantes farão o teste Brasil afora. Uma das preocupações da moçada é a redação. Embora estejam pra lá de preparados, eles tremem só de pensar no assunto. As preocupações são muitas. Entre elas, a repetição. É proibido repetir? Não.

Nem toda repetição é má. A estilística, que dá liga e charme ao texto, longe está de indicar pobreza vocabular. É o caso do “é preciso” reiterado neste parágrafo:

Como acabar com a cultura do desperdício? Ela tem de ser desmontada por dentro. É preciso que os brasileiros não joguem fora restos de comida aproveitáveis nem deixem as lâmpadas acesas quando saem de um aposento. É preciso que os livros escolares sejam aproveitados pelos irmãos menores. É preciso não destruir os bens públicos. É preciso, enfim, martelar insistentemente na necessidade de poupar.

É o caso, também, deste trecho de Barack Obama:

Sim, nós podemos. Nós podemos recuperar a economia do país. Nós podemos legar uma pátria melhor pra nossos filhos e netos. Nós podemos respeitar os direitos humanos. Nós podemos zelar pelo meio ambiente. Nós podemos construir um mundo mais justo e democrático. Sim, nós podemos.

Bruxaria

Na quinta foi Dia das Bruxas. Os americanos o comemoram. Nós nem ligamos pras coitadas. Deixamo-las lá, montadas na vassourinha. Mas elas, generosas, ensinam uma lição. X ou ch? Depois de br, não vacile. É a vez do x: bruxa, bruxaria, bruxulear, Bruxelas.

Modismo

Thiago Bezerra escreve: “Tudo que vira moda é aceito pelas pessoas até sem pensar. Mas existe moda brega, não é mesmo? Entrou em cartaz o advérbio “justamente”. Jornais, telejornais, políticos, jornalistas, dvogados abusam da palavra. Ela sobra”. É verdade. A maior parte dos advérbios terminados em –mente só tem uma função — sobrecarregar a frase. Quer ver?

João deve sair (provavelmente) às 6h.

Cumpriu a ordem (exatamente) como o chefe determinou.

(Atualmente) todo mundo tem celular.

A reclamação era (completamente) inoportuna.

Disse (exatamente) isso, sem tirar nem pôr.

Os pacientes odeiam (principalmente) ter de esperar.

É (terminantemente) proibido ultrapassar o limite.

Nesse período, acho que a área social foi a que mais sofreu. Eu acabei de trocar o secretário (justamente) por isso.

Xô! Xô! Xô!

Leitor pergunta

Ouvi no rádio esta notícia: “Fiscais extorquiram comerciante”. Estranho, não? Comente, por favor. (Celina Alves, Erexim)

Virgem Maria! Extorquir não é lá coisa boa. Significa obter por violência, ameaças ou ardis. O verbo tem uma manha. Seu objeto direto tem de ser coisa, nunca pessoa. Extorque-se alguma coisa. Não alguém: Fiscais extorquiram dinheiro de comerciante. A polícia tentou extorquir o segredo. Extorquiram a fórmula ao cientista.

 

 

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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