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Colunistas Vida longa à morte anunciada!

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Houve enorme repercussão sobre a emergência das “fintechs” como ameaça real ao domínio dos grandes bancos mundo afora. A metáfora de um enxame de abelhas a atacar o sistema financeiro, sinalizava bem a preocupação dos banqueiros diante do perigo que as startups financeiras representavam.

Até o momento, entretanto, olhando para a realidade brasileira, os “top five” do sistema financeiro nacional, BB, Itaú, Bradesco, CEF e Santander, não foram ainda afetados pela emergência das fintechs, que lutam para obter um posicionamento competitivo no mercado. O otimismo inicial que contagiava o ambiente das startups do sistema financeiro arrefeceu. Os empreendedores que ousaram enfrentar o monolítico e ultraconcentrado setor bancário tupiniquim, sentiram como é penoso e complicado conquistar qualquer centímetro de “share” junto aos grandes bancos.

Em pleno processo de surgimento de um novo modelo de concorrência, no qual os bancos brasileiros estão conseguindo manter sua hegemonia, eis que surge uma ameaça mais disruptiva, as chamadas “big techs”, capitaneadas pelos gigantes da nova economia como o Google, Amazon e Facebook. Juntas, essas empresas valem perto de U$ 3 trilhões e atendem quase a metade da população do planeta.

Ao anunciar o interesse em abrir contas correntes, permitir transferências de dinheiro e efetuar empréstimos, esses novos competidores estarão estabelecendo uma situação completamente nova na seleta, tradicional e bem sucedida indústria financeira. Ao contrário das “fintechs”, esses gigantes da tecnologia partem de um patamar muito mais avançado em termos competitivos, quer pelo posicionamento global de suas marcas, quer por seu extraordinário poderio econômico.

De que forma os bancos reagirão? Como impor barreiras a entrantes que possuem um riquíssimo arsenal de dados pessoais, conhecem os hábitos de seus clientes em profundidade e estão altamente capitalizados para uma competição predatória?

A exemplo do ocorrido com o WhatsApp, Airbnb e Uber, que primeiro entraram na casa para depois pedir licença, poderá haver algo parecido nesse novo embate de titãs?

Uma das barreiras a ser enfrentada pelas Big Techs será a necessidade de rede física para concorrer com os bancos. No Brasil, não obstante o avanço exponencial das transações financeiras via internet, as agências de cimento e tijolo ainda são fundamentais dentro do processo de presença e distribuição de produtos e serviços, particularmente devido à nossa extensão territorial, cultura existente e acesso à própria rede virtual que ainda não é universalmente disponibilizada.

Outro fator que reputo crítico e que muitas vezes é negligenciado pelos novos competidores com perfil disruptivo, são as barreiras legais e fiscais. Os bancos centrais pelo mundo, e aqui no Brasil não será diferente, não deverão permitir que haja no sistema financeiro o mesmo que houve com a indústria hoteleira em confronto com o Airbnb, dos táxis com a chegada do Uber e do Whatsapp em relação às telefônicas. Para muito além da questão concorrencial que seria saudavelmente aplaudida, a chegada dos gigantes do Vale do Silício no universo financeiro é de outro calibre e dimensão, pois afeta um setor vital para o desenvolvimento nacional e certamente sofrerá restrições. Parafraseando a célebre frase de Mark Twain: “parece-nos que as notícias sobre a nossa morte são manifestamente exageradas”, diriam os banqueiros.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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