Terça-feira, 08 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 9 de novembro de 2020
A Delegacia de Defraudações da Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu nesta segunda-feira (9) o proprietário da JJ Invest, empresa responsável pelo maior esquema de pirâmide financeira do Brasil. De acordo com a Secretaria de Estado de Polícia Civil, a estimativa, com base nas investigações, é de que “a gestora de investimentos tenha provocado prejuízo de R$ 170 milhões a mais de 3 mil vítimas”.
Depois de semanas de investigação e de diligências, o empresário foi preso na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, em cumprimento de mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça Federal. As informações obtidas pela delegacia indicam que a operadora de investimentos oferecia às vítimas um lucro de 10% a 15% por mês com a intenção de aumentar o número de clientes e, em consequência, os lucros.
Conforme a secretaria, a JJ Invest ficou conhecida no cenário nacional após patrocinar times de futebol e jogadores. Entre os investidores na pirâmide, segundo a Polícia Civil, há artistas e ex-atletas, que perderam muito dinheiro. “Em um dos inquéritos investigados na Delegacia de Defraudações, onde foram ouvidas cerca de 60 vítimas, calcula-se um prejuízo de aproximadamente R$ 30 milhões”, informou.
As investigações apontaram ainda que existem processos contra a empresa em São Paulo, Maranhão, Recife, Ceará e outros estados. “Somente no Rio de Janeiro, o proprietário da empresa responde a mais de 30 inquéritos. Além disso, diversas vítimas entraram na Justiça contra a empresa”, disse, acrescentando, que oito pessoas envolvidas que obtiveram lucro com a pirâmide financeira também foram indiciadas.
Empresa gaúcha
Em outro caso recente, os Estados Unidos anunciaram o bloqueio de US$ 24 milhões (quase R$ 140 milhões) em moedas virtuais de uma empresa gaúcha acusada de envolvimento em esquema de fraude por meio de “pirâmide financeira”. Conforme o Departamento de Justiça norte-americano, a PF (Polícia Federal) havia pedido ajuda internacional à “Operação Egypto”, sobre esquema que teria lesado milhares de investidores em R$ 1 bilhão.
Apesar de a nota não mencionar o nome da empresa, informações extraoficiais indicam tratar-se da Indeal, fundada na região do Vale do Sinos, mas de atuação também em outros Estados (ou mesmo do Exterior) e investigada por suspeita de ser oferecer um falso fundo de investimentos por meio de bitcoins (uma das mais difundidas modalidades de criptomoeda). As vítimas recebiam a promessa de retorno fixo mensal de 15% ao mês.
O valor apreendido em criptomoedas pelo FBI (equivalente à Polícia Federal nos Estados Unidos) pertence a Marcos Antonio Fagundes, acusado de lavagem de dinheiro e operação de instituição financeira sem autorização, dentre outros crimes. Ele era um dos cabeças da Indeal e chegou a ficar alguns meses preso no Rio Grande do Sul no ano passado.
Ainda de acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, os ativos virtuais estavam aplicados em uma corretora de criptomoedas atuante no país e que cooperou com as investigações, capitaneadas por um grupo de trabalho especializado do FBI.
“O objetivo da ofensiva é preservar os fundos para processos de confisco pendentes no Brasil para compensar os investidores vitimados neste esquema de investimento fraudulento”, ressaltou o texto divulgado pelas autoridades dos Estados Unidos.
Conforme mencionado, Fagundes chegou a ser preso no Brasil junto com o seu sócio Ângelo Ventura da Silva, no início de 2019, mas em agosto do mesmo ano ambos obtiveram um habeas corpus que permitiu as suas solturas. Na época, o rastreamento dos investigadores identificou mais de R$ 128 milhões enviados ao exterior pela empresa, de forma não declarada, o que é ilegal.