Quinta-feira, 18 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 2 de agosto de 2021
Apesar do recente recado do presidente do Supremo Tribubal Federal (STF), Luiz Fux, de que a Corte está atenta às ameaças contra a democracia, o presidente Jair Bolsonaro voltou a associar urnas eletrônicas a riscos de fraude na eleição de 2022. “Queremos a farsa, uma eleição marcada por suspeição?”, vociferou, novamente sem apresentar qualquer prova.
Ele prosseguiu com mais questionamentos, incluindo alfinetadas e indiretas para ministros por decisões recentes no campo da política: “E se quem sair derrotado entrar na Justiça, quem vai julgar? Quem tirou o cara [ex-presidente Lula] da cadeia e o tornou elegível e quem vai contar os votos depois!”.
Bolsonaro também disse que “não está preocupado com o nome que será eleito no ano que vem, desde que a eleição seja limpa e democrática”.
Os repetidos ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral ocorrem também após a divulgação de carta de ex-presidentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e de ministros do próprio STF, que rebatem em bloco a campanha a favor do voto impresso. Segundo eles, a volta do antigo modelo de papel é que daria margem a um cenário de fraudes.
O ministro Luiz Fux disse, na reabertura dos trabalhos do Judiciário, que deve haver harmonia entre os Três Poderes. Ele advertiu, entretanto, que esse equilíbrio não pode se dar com “impunidade de atos que exorbitem o necessário respeito às instituições”.
Batendo na mesma tecla
As declarações de Bolsonaro foram feitas na tarde desta segunda-feira, durante cerimônia no Ministério da Cidadania. O presidente – que se elegeu justo por meio das urnas eletrônicas que tanto critica – dedicou a maior parte de seus quase 20 minutos de discurso a acusações repetidas ao sistema.
Ele não apresentou provas de fraude, limitando-se a mencionar “indícios” – que também não apresentou. “Só porque alguém não quer o voto impresso temos que baixar a cabeça?”, bradou.
Em seguida, voltou a sua metralhadora giratória contra a cúpula do Tribunal Superior Eleitoral: “Afinal, qual é o poder do presidente do TSE [Luis Roberto Barroso]? Ele foi ao Congresso Nacional e rapidamente ‘fez a cabeça’ de deputados federais e também fez com que os partidos trocassem integrantes da comissão para não ter o voto impresso no Brasil”.
Bolsonaro disse, ainda, que aliados têm recomendado a ele maior cautela e habilidade com as palavras sempre que se referir às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral como um todo. “Mas o inimigo está aí e os riscos estão aí”, voltou a insinuar, dando a entender que o assunto ainda está longe de se esgotar.