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Tito Guarniere 2022 é agora

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Na live, o presidente atribuiu as dificuldades em se conter focos de incêndio no Pantanal ao fato de a região ser muito grande. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

O presidente Jair Bolsonaro, contrariando as expectativas de muita gente, inclusive as minhas, está no ponto máximo de popularidade e aprovação do seu governo. Ele atendeu aos apelos dos seus aliados mais sensatos, de agir com calma e de controlar os seus impulsos belicosos – deixar de procurar inimigos debaixo dos tapetes.

Bolsonaro é bronco, mas burro não é. Burro não chega à presidência da República de um país do tamanho e da importância do Brasil. Mas tem mais sorte que juízo. Não que a facada de Adélio Bispo dos Santos tenha sido bem-vinda mas, dadas as circunstâncias, é certo que o incidente trágico gerou uma onda de simpatia decisiva na eleição presidencial.

Diante da pandemia da Covid-19, uma desgraça completa para as suas vítimas e para o país, por astúcia ou por uma visão deformada, o presidente fez escolhas que à primeira vista pareciam desastrosas: desdenhou a gravidade da doença, tornou-se um entusiasta das supostas virtudes da cloroquina, combateu o isolamento social, e terceirizou as responsabilidades, atribuindo toda a culpa das consequências trágicas da doença a governadores e prefeitos.

De tal sorte que o Brasil é hoje o segundo país do mundo em número de mortes pelo flagelo, atrás apenas dos EUA, e Bolsonaro, mesmo com todas as suas declarações inadvertidas e inconsequentes, graças ao auxílio emergencial, colheu os frutos de um improvável prestígio popular, só comparado – entre as massas de pobres e excluídos – ao antes alcançado pelo seu arquirrival Luiz Inácio Lula da Silva.

Com a pandemia, Bolsonaro descobriu a fórmula mágica e infalível da popularidade, já antes experimentada por Lula: abrir os cofres públicos, distribuir recursos. O auxílio emergencial foi o mais espetacular programa de distribuição de renda feito por qualquer governo – o equivalente a 13 (que número!) anos do festejado Bolsa Família, em menos de um ano.

Mas olhado com um mínimo de juízo crítico, o que se vê é um governo sem rumo, que funciona aos espasmos – que diz ontem o que hoje desdiz. O governo não consegue se entender nem sobre o nome do prometido programa que entrará no lugar do Bolsa Família. E menos ainda de onde virão os recursos que irão financiá-lo. Ou de quanto será.

Como observa o jornalista Celso Ming, de O Estado: “Ele (Bolsonaro) autoriza o piloto (ministro) a mudar da rota do barco, volta atrás, e depois recrimina o piloto por ter obedecido à sua ordem”.

O que se sabe é que ele só pensa naquilo – 2022. Porém, até lá ele vai ter de tomar muita cloroquina. A propósito e à parte: a droga milagrosa de Bolsonaro e de Trump não está na lista dos medicamentos do presidente americano, acometido do coronavírus.

Bolsonaro chegou muito cedo ao ápice de popularidade. Mas não há dinheiro para sustentar um programa muito melhor do que o Bolsa Família. A popularidade cairá com o aumento do desemprego, do trabalho informal, do crescimento medíocre e lento da economia, e com a decepção que se segue quando um favor é retirado ou reduzido.

Não haverá golpe de sorte para um governo assim, sem direção, sem plano, sem rumo – para um governo em que o único projeto claro é o eleitoral.

 

 

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