Quinta-feira, 31 de outubro de 2024
Por Redação O Sul | 5 de maio de 2021
O Ministério da Saúde da Itália recomendou nesta quarta-feira (5) uma ampliação no intervalo entre as duas doses da vacina anti-covid da Pfizer para 42 dias. A farmacêutica diz que só garante a eficácia do imunizante com diferença de 21 dias entre as duas aplicações, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) admite um prazo de até seis semanas.
De acordo com circular do Ministério da Saúde, é “recomendável” adiar a segunda dose da vacina da Pfizer “até a sexta semana” a partir da primeira aplicação, já que ainda existe um “número significativo” de indivíduos vulneráveis que não foram imunizados.
A fórmula da Pfizer é a mais usada até o momento na Itália, que já aplicou 21,6 milhões de doses de imunizantes anti-covid (incluindo também Moderna, AstraZeneca e Janssen), sendo que 6,5 milhões de pessoas já estão totalmente vacinadas, pouco mais de 10% da população nacional.
No Brasil, a vacina da Pfizer será aplicada com intervalo de três meses entre as doses, seguindo o modelo adotado no Reino Unido.
Proteção contra infecção
Um estudo em Israel indica que a campanha de vacinação contra a covid-19 foi altamente efetiva não apenas em evitar doença grave e morte, mas também em prevenir a infecção pelo coronavírus, fator que ainda não estava bem estabelecido.
O artigo científico, divulgado pela revista médica The Lancet, mostra como o imunizante usado no país, o da Pfizer/BioNTech, teve 95,3% de efetividade em prevenir infecção pelo vírus Sars-CoV-2. Na prevenção contra doença grave e morte, as taxas de efetividade foram, respectivamente, de 97,5% e 96,7%, números próximos aos que já tinham sido estimados pelos estudos clínicos da vacina.
“Houve declínio acentuado e sustentado da incidência de covid-19, correspondendo ao aumento da cobertura vacinal. Essa descoberta sugere que a vacinação contra covid-19 pode ajudar a controlar a pandemia”, afirmam os autores do estudo, liderado por Eric Haas, diretor da divisão de epidemiologia do Ministério da Saúde de Israel.
O trabalho mostra que, ao longo dos primeiros quatro meses da campanha de vacinação, na qual cobriu com duas doses mais da metade da população geral, o Sars-CoV-2 foi reduzido a níveis residuais. Nesse período, o país atingiu com cobertura de 88% os maiores de 50 anos e de 72% entre os maiores de 16 anos.
Quando o país com apenas 8,7 milhões de habitantes começou sua campanha de vacinação, na terceira semana de dezembro, a incidência da doença era de 8.328 casos diários reportados para a doença. Após quatro meses, o número caiu para 149: menos de dois casos por dia a cada milhão de habitantes.
Um ponto forte do estudo é que, com um esquema de testagem intenso implementado no país, foi possível avaliar a taxa de infecção entre pessoas vacinadas mesmo no grupo dos assintomáticos, um dado que os testes clínicos antes da aprovação da vacina não cobriram bem.
Mas mesmo quando consideradas apenas pessoas sem sintomas de covid-19, a vacina mostrou uma efetividade de 93,8% contra infecção. A constatação foi importante para mostrar que os pesquisadores não estavam deixando passar despercebidas pessoas expostas ao vírus e que poderiam retransmiti-lo mesmo sem que adoecessem.