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Mundo Passadas duas décadas desde os maiores atentados terroristas da história americana, pesquisadores não arriscam apontar um único significado do acontecimento para Nova York e sua população

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Decisão de erguer um novo prédio no lugar do WTC divide opiniões. (Foto: Reprodução)

Em meio ao noticiário dos 20 anos, neste sábado (11), dos maiores atentados terroristas da história norte-americana, pesquisadores do tema não arriscam apontar um significado único dos fatos para Nova York e seus moradores. Eles ressaltam que ainda surgem novos relatos, desdobramentos e percepções que se somam à história contada sobre o incidente pelos protagonistas e testemunhas.

“Algumas narrativas podem demorar para surgir, certas pessoas não conseguem falar a respeito dos fatos de imediato. Foi assim na Alemanha e no Japão, após a Segunda Guerra Mundial. Às vezes toda uma geração fica em silêncio por causa do trauma”, avalia diz Susan Opotow, doutora em Psicologia Social e professora universitária.

Ela observa que, como a maioria das metrópoles, Nova York abrange múltiplas realidades: se perguntarmos a 10 pessoas diferentes sobre o significado da tragédia, poderemos obter dez respostas diferentes.

Para o diretor de publicidade Derick Chen, nascido e criado na cidade, todo 11 de Setembro é um dia de reflexão. Ele, que estava no segundo ano da faculdade em 2001, costuma escolher um local da cidade para observar os dois canhões de luz que são acesos próximos ao local dos atentados. Há 10 anos, ele se mudou para o Distrito Financeiro, palco da tragédia, mas tem ressalvas quanto ao trabalho de reconstrução.

“Gosto do memorial, mas não sou um grande fã de todo o resto”, admite. “Lembro que fiquei frustrado por anos, o WTC foi um buraco por uma década. Aquela lacuna era um vazio no coração. Quando criança, adorava desenhar o horizonte da cidade, as torres eram tão icônicas, bastava desenhar dois retângulos. A nova é apenas um edifício alto.”

Apesar da notável transformação no chamado Marco Zero, a reconstrução do WTC nunca foi concluída. Atualmente, está em construção um centro de artes, que deve ficar pronto em 2023. Das seis torres previstas, duas jamais foram iniciadas. Em janeiro, foi anunciado que uma delas será residencial, seguindo a nova vocação do bairro.

O arquiteto Michael Duddy, professor da New York City College of Technology, lembra que, após os atentados, houve quem defendesse que todo o terreno permanecesse vazio, como um parque público. E houve quem advogasse pela reconstrução exata das torres anteriores. A versão final do projeto surgiu após seis propostas serem rejeitadas pela comunidade e já sofreu inúmeras modificações.

Memorial

O Memorial do 11 de Setembro, inaugurado em 2011, e o museu, aberto em 2014, ocupam metade dos quase 1 milhão de metros quadrados que hoje compreendem o novo WTC. A instituição é considerada a autoridade nacional sobre os atentados e comanda a cerimônia anual em que são lidos os nomes de todas as vítimas.

Os planos de uma programação especial para o aniversário de 20 anos foram cancelados por dificuldades financeiras. A queda no fluxo de visitantes por causa da pandemia teria obrigado o museu a apertar os cintos e demitir funcionários.

O professor Charles B. Stone, do Departamento de Psicologia da Faculdade John Jay, estuda a transmissão intergeracional de memórias relacionadas aos ataques. Ele ressalta que o museu e o memorial têm um papel fundamental no processo de construção de sentido para o 11 de Setembro:

“Qualquer compreensão completa das consequências e do impacto que o 11 de Setembro tem será uma interação entre as memórias dos indivíduos, as interações sociais deles e os artefatos sociais criados para ajudar nessa construção”.

Para o pesquisador, apesar dos debates, o projeto do museu foi imposto de cima para baixo e busca provocar nos visitantes uma “reação emocional visceral”, por exemplo, com o áudio de telefonemas feitos pelas vítimas minutos antes de morrerem.

“Muitos nova-iorquinos nunca visitaram o museu porque ainda se lembram vividamente dos fatos e julgam não ter o que aprender, ou pelo medo de reviver uma experiência dolorosa. Parece-me que o museu e o memorial são mais para turistas, e isso é contrário ao que muitas pessoas pensam sobre o papel desses monumentos, que é servir aos locais.”

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