Sábado, 04 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 29 de março de 2016
O doping da atleta mais bem paga do mundo, Maria Sharapova, 28 anos, é muito mais do que um erro na carreira da russa. É o pequeno pedaço de um iceberg que está longe de ser desvendado. Um caso que mostra como o uso de substâncias dopantes é polêmico e complexo e como potências esportivas se beneficiam dele.
A tenista foi flagrada com uma droga que estreou só em janeiro na lista da Wada (Agência Mundial Antidoping). Todos os anos, a listagem é revisada e novos elementos entram e saem dela.
O meldonium estava na mira havia mais de um ano. Ele é um medicamento utilizado para o tratamento de isquemia, que é a diminuição de irrigação sanguínea em uma determinada parte do corpo. Parece não ter ligação nenhuma com o esporte, muito menos com atletas que buscam melhorar suas performances. Mas estudos já mostravam que podia, sim, estar sendo usado para este fim.
O meldonium era um medicamento legal, que podia ser usado sem problemas por aqueles que queriam obter vantagens no esporte. Por isso, a Wada passou a monitorá-lo e reunir evidências que comprovassem o uso dele como doping.
A preocupação da agência tem se mostrado acertada. O porta-voz da Wada, Ben Nichols, anunciou que já foram encontrados 99 resultados adversos para a droga desde o início do ano. Dos 16 já confirmados, sete são de russos. Sharapova é o caso mais midiático, mas os números não param de crescer.
Para Nichols, é pouco provável que a avalanche de positivos tenha acontecido por negligência de atletas e equipes, argumento usado pela tenista para se explicar. É difícil imaginar que existam tantos esportistas sendo tratados de casos isquêmicos com a mesma droga.
Sharapova, que só em 2015 faturou 23 milhões de dólares em publicidade, segundo a revista Forbes, alega que tomava o medicamento havia dez anos para tratar problemas de saúde. Ela disse que não sabia que o remédio havia se tornado doping. (Folhapress)