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Por Redação O Sul | 28 de março de 2018
Destroços de uma estação espacial chinesa desativada podem cair na Terra até sexta-feira (30), segundo cientistas que monitoram a trajetória dos objetos. A estação Tiangong-1 foi a primeira etapa de um ambicioso programa espacial chinês e o protótipo para uma estação tripulada programada para 2022.
Ela foi colocada em órbita em 2011 e desativada cinco anos depois, quando completou sua missão. Sempre foi esperado que ela caísse de novo na Terra, mas o momento exato e o local de impacto são difíceis de predizer – já que a enorme nave não é mais controlada.
Onde vai cair?
Ainda não há previsão de um local exato. A China confirmou em 2016 que tinha perdido contato com a Tiangong-1 e que não poderia mais controlar seu destino. A ESA (Agência Especial Europeia) diz que a reentrada se dará em qualquer lugar entre as latitudes 43°N e 43° S, o que cobre uma área grande ao norte e ao sul do equador.
A ESA tem publicado atualizações regulares sobre a Tiangong-1, mas diz que estimativas sempre podem mudar, já que são “altamente variáveis”. A agência espera que sua previsão se torne mais precisa mais próximo ao fim de semana.
A estação está chegando cada vez mais perto da Terra. Seu ritmo de descida “vai continuar a acelerar gradualmente conforme a atmosfera for se tornando mais concentrada”, diz Elias Aboutanios, diretor do Centro Australiano de Pesquisa em Engenharia Espacial. “Ao se aproximar dos 100 km de distância da Terra, a estação vai começar a esquentar”, diz ele.
Isso vai levar à combustão da maior parte da estação – e é difícil saber exatamente o que vai sobreviver, já que a planta da estrutura não foi divulgada pela China. Aboutanios diz que, se a estação queimar à noite, sobre uma área povoada, com certeza o fenômeno “será visível, como um meteoro ou uma estrela cadente”.
Eu deveria me preocupar?
Não. A maior parte das 8.5 toneladas da estação vai desintegrar ao passar pela atmosfera. Partes mais sólidas – como os tanques de combustível e o motor – podem não vaporizar inteiramente. No entanto, mesmo que alguns pedaços cheguem à superfície da Terra, as chances de que algum deles atinja uma pessoa são mínimas.
“Nossa experiência mostra que entre 20% e 40% de objetos desse tamanho costumam atingir o chão”, diz Holger Krag, chefe do departamento de lixo espacial da ESA. “No entanto, ser atingido por um desses fragmentos é extremamente improvável. Minha estimativa é que a probabilidade de ser ferido por um desse pedaços é parecida com a de ser atingido por um raio duas vezes no mesmo ano”, diz ele.
Lixo espacial
“Embora o lixo espacial deixado em órbita regularmente caia de volta na Terra, a maior parte vaporiza ou acaba caindo no meio do oceano, longe de qualquer pessoa”, diz Aboutanios. Normalmente, quando um objeto retorna, ainda há comunicação – ou seja, a central de controle ainda pode direcionar a trajetória e o local de queda desejado. Os detritos são guiados para cair no chamado polo de inacessibilidade oceânico – o local mais distante de terra, por todos os lados. É um ponto no oceano pacífico entre a Austrália, a Nova Zelândia e a América do Sul.
A região é um cemitério de satélites e espaçonaves, onde os destroços de cerca de 260 deles estão espalhados ao longo de uma área de aproximadamente 1.500 km².