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Por Redação O Sul | 17 de junho de 2018
Ex-roqueiro, como diz em seu próprio site oficial, o advogado direitista Iván Duque, 41 anos, será o presidente da Colômbia até 2022. Ele foi apoiado pelo ex-presidente Álvaro Uribe e venceu o esquerdista Gustavo Petro no segundo turno das eleições presidenciais do país, disputadas neste domingo (17). Ele venceu com 54% dos votos.
Com o apoio de Uribe, que governou a quarta maior economia da América Latina entre 2002 e 2010, Duque tentará dar uma cara mais jovem ao conservadorismo colombiano, de volta ao poder.
O atual presidente Juan Manuel Santos parabenizou Duque pela vitória: “Já liguei para Ivan Duque para parabenizá-lo e desejar boa sorte. Ofereci a ele toda a colaboração do governo para fazer uma transição ordenada e tranquila”, disse em seu Twitter.
O candidato Gustavo Petro, que obteve 42% dos votos, manteve o tom de otimismo ao falar da derrota nas urnas: “Qual derrota? Oito milhões de colombianos e colombianas livres em pé. Não há derrota aqui. Por enquanto, não seremos governo.”
O segundo turno da eleição presidencial colombiana teve uma taxa de abstenção de 47,81%, além de 262.073 votos nulos e 795.510 votos em branco.
Esta será a primeira vez que a Colômbia terá uma mulher na vice-presidência. Marta Lucía Ramírez foi embaixadora da Colômbia na França em 2002 e ficou em terceiro lugar na disputa presidencial de 2014.
Ao fazer campanha pelo “Não” — e sair vitorioso — durante o plebiscito pelo acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Campanha), em 2016, o então jovem senador trilhou o caminho para a projeção nacional que o levou a vencer a votação de domingo.
Outro trunfo de Duque na campanha era um discurso forte contra a corrupção, prometendo, inclusive, pena de prisão “com grades”, segundo o programa eleitoral. Além disso, o discurso a favor da empresa privada e pelo corte de impostos chamou a atenção do eleitorado colombiano.
“Quero um país de legalidade, de luta frontal contra a corrupção, um país onde se respire segurança em todo território. Quero um país de empreendimento”, afirmou Duque na saída da votação do primeiro turno, em maio.
O favorito do mercado financeiro
Com as propostas pró-mercado, Duque terá ao seu favor o apoio do mercado financeiro, ao menos no começo do mandato. Além disso, o presidente eleito representou Colômbia, Peru e Equador no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) entre 2001 e 2010, onde chefiou a Divisão de Cultura, Criatividade e Solidariedade.
O currículo acadêmico também o ajuda. Duque tem dois mestrados relacionados à área de economia e gestão: um em direito econômico e outro em gestão de políticas públicas, ambas em universidades de Washington, nos Estados Unidos.
As meras projeções de que Duque venceria o pleito estimularam os investidores na Colômbia. Por isso, ao sair à frente no primeiro turno, os ativos colombianos pouco mudaram de valor, afirmou a imprensa colombiana.
Ainda assim, o presidente eleito precisará cumprir com as expectativas. Duque terá de dar conta de reduzir o desemprego no país que, segundo sondagens de abril, era de 9,5% — 0,6 pontos percentuais a mais na comparação com o mesmo período no ano passado.
“Economia laranja”
Para melhorar os índices sociais, Duque espera aplicar o que chama de “economia laranja”. “Estamos falando das artes, dos meios de comunicação, das criações funcionais como a arquitetura, o desenho, a publicidade, o patrimônio arqueológico, a gastronomia, os museus, as bibliotecas”.
“Estão embasados em cultura, serviços e tecnologia, e são um sócio estratégico de um setor tão importante como o turismo”, justificou Duque ao “El País”.
Em seu programa de governo, Duque se comprometeu a criar um Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Economia Laranja. Com isso, o novo presidente pretende duplicar o PIB do setor criativo até 2025.
Duque prometeu, ainda: acesso à internet móvel a, ao menos, 70% dos colombianos; conectividade e acesso gratuito a banda larga em espaços públicos; potenciar exportações de software; introduzir o uso de Big Data para ativar a oferta de seguros no campo; desenvolver instrumentos de fiscalização digital, inclusive contra a pirataria informática.
Repúdio às Farc
A postura contrária de Duque em relação ao acordo com as Farc o ajudou a ser eleito. Contudo, a oposição que o novo presidente deve sofrer nesse tema deve ser forte: a preferência pelo “Não” no plebiscito de 2016 foi menos de 1% maior do que o “Sim”.
“É muito grave que se tenha permitido que os líderes das Farc sejam candidatos à presidência e ao Congresso da República sem terem dito toda a verdade, sem terem reparado as vítimas e sem terem cumprido as penas pelos delitos que cometeram”, declarou.
Um dos líderes das Farc, Rodrigo Londono, o “Timochenko”, chegou a se candidatar à presidência, mas desistiu por problemas de saúde.