Quarta-feira, 09 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 21 de julho de 2020
Vivo, TIM e Claro já desenharam uma estratégia para levar a operação de telefonia móvel da Oi. No último sábado (18), as três apresentaram uma proposta conjunta de R$ 18 bilhões pela rival, que reúne quase 34 milhões de clientes de celular e está em recuperação judicial desde 2016.
De acordo com uma fonte, a estratégia definida é dividir a base de clientes da Oi por Estado de forma que as companhias tenham fatias de mercado semelhantes e não encontrem barreiras por parte dos órgão de defesa da concorrência do governo.
A entrada da Claro no consórcio entre Vivo e TIM causou surpresa, já que a tele não tinha, inicialmente, a intenção de se juntar às rivais.
Os planos mudaram quando as empresas souberam, por meio de bancos, que a mineira Algar, que tem o fundo soberano de Cingapura GIC como acionista, juntou-se ao fundo americano Digital Colony para tentar levar a operação de telefonia celular da Oi, proposta que é analisada pela diretoria da empresa, em paralelo ao que foi apresentado por Vivo, TIM e Claro.
Torres e fibra óptica
Pela divisão em estudo, TIM e Vivo devem absorver os clientes da Oi móvel no Rio. Em Brasília e São Paulo, os clientes da Oi iriam para TIM e Claro. A mudança de operadora será aleatória e não uma opção do usuário, destacou uma fonte.
No Nordeste, a maior parte dos usuários da tele carioca iria para a Vivo. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, seriam favorecidas TIM e Claro.
A venda da operação móvel faz parte do processo de recuperação judicial da Oi, que começou em meados de 2016. A empresa ainda pretende vender mais três unidades de negócios. A mais importante delas é rede de fibra óptica, que foi incorporada numa nova empresa chamada InfraCo.
A ideia da Oi é vender até 51% das ações e arrecadar por volta de R$ 13 bilhões. Segundo fontes, o BTG e o executivo Amos Genish, ex-presidente da GVT e ex-executivo da Vivo, estão avaliando o negócio.
Além disso, a Oi já recebeu proposta para vender por R$ 1,076 bilhão sua unidade de torres para a Highline, controlada pelo fundo Digital Colony. A Oi também negocia com o fundo Piemont Holding a venda de seus data centers, que tem valor mínimo de R$ 325 milhões.
Todos os ativos, para serem de fato vendidos, precisam passar pelo crivo dos credores, em uma assembleia, prevista para o fim de agosto.
“O que vai sobrar será uma Oi menor que a de hoje. Será uma companhia que fornece rede para outras teles e companhias. Também vai vender internet fixa, telefone fixo e TV a consumidores finais. Será uma empresa de serviço digital”, explicou Andre Gildin, da RKKG Consultoria.
A venda de diversos ativos vem gerando uma divergência entre bancos e acionistas da Oi. Itaú, Caixa e Banco do Brasil questionam a proposta de venda de ativos e reclamam do corte de 60% dos valores que têm a receber: cerca de R$ 8,8 bilhões.
Alta na Bolsa
As instituições alegam que o plano só vai beneficiar os atuais acionistas, um grupo formado basicamente por fundos estrangeiros. A Oi nega. Fontes na tele carioca afirmam que os acionistas já tiveram corte entre 50% e 80% do valor de suas dívidas há dois anos e que parte foi convertida em ações. Diante do impasse, os bancos ameaçam não aprovar o novo plano de recuperação.
Toda a movimentação garantiu na segunda-feira (20) uma valorização de 9,09% para as ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Oi. As preferenciais (PN, sem direito a voto) ganharam 8,84%. Os papéis da TIM e da Vivo também subiram, respectivamente, 6,13% e 5,64%. A Claro não tem ações na Bolsa local.
“Avaliamos a transação como “ganha/ganha”, tanto para a Oi, quanto para as companhias que adquirirem o ativo”, afirmou o analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos.