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Ciência A água em Marte desapareceu; saiba para onde ela pode ter ido

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Estudo indica que parte da água de Marte afundou, sugado pelas rochas vermelhas do planeta. (Foto: Nasa)

Antes, Marte era úmido, com um oceano de água em sua superfície. Hoje, a maior parte do planeta é seca como um deserto, exceto pelos depósitos de gelo nas suas calotas polares. Para onde foi essa água?

Parte dela desapareceu no espaço. As moléculas de água, impelidas por partículas de vento solar, se fragmentaram em átomos de hidrogênio e oxigênio e, especialmente os átomos de hidrogênio mais leves, saíram da atmosfera e se perderam no espaço sideral.

Mas a maior parte da água, segundo um novo estudo, voltou ao solo e foi sugada para dentro das rochas do planeta vermelho. E ali permanece, presa em meio a minerais e sais. De fato, 99% da água que antes fluía em Marte pode estar lá, estimam pesquisadores num estudo publicado em março na revista Science.

Dados das missões robóticas a Marte de duas décadas passadas, incluindo os trazidos pela sonda Curiosity e a Mars Reconnaissance Orbiter, da Nasa, mostraram uma ampla distribuição do que os geólogos chamam de minerais hidratados.

“Ficou muito claro que é comum, e não raro, encontrar evidências de alteração da água”, disse Bethany Ehlmann, professora de Ciência Planetária no Instituto de Tecnologia da Califórnia e uma das autoras do estudo.

Ehlmann, falando numa entrevista na conferência sobre Ciência Planetária e Lunar, disse que, como as rochas são alteradas pela água líquida, as moléculas de água se incorporaram nos minerais como barro. “A água está efetivamente retida na crosta”, disse ela.

Para terem uma noção do volume de água, cientistas planetários falam de “uma camada equivalente global”, ou seja, se Marte fosse uma bola uniforme, sem nenhum relevo característico, qual seria a profundidade da água?

Os cientistas estimaram que essa profundidade teria de 100 a 1.500 metros. A mais provável seria em torno de 600 metros, ou cerca de um quarto da água como existe no Oceano Atlântico.

Os dados e simulações também indicaram que a água praticamente desapareceu há três bilhões de anos, em torno da época que, na Terra, a vida consistia de micróbios com uma única célula nos oceanos.

“Isto significa que Marte está seco há muito tempo”, disse Eva Scheller, estudante da Caltech e a principal autora do estudo na Science.

Hoje ainda existe água equivalente a um oceano global a uma profundidade de 19 a 40 metros, mas congelada nas calotas de gelo polares.

Cientistas há muito tempo se maravilham com antigas evidências de água fluindo na superfície marciana – cânions gigantes, leitos de rios secos. A mais recente missão de exploração da Nasa, com a sonda Perseverance, que aterrissou em fevereiro na cratera Jezero, será direcionada a um delta de rio na esperança de encontrar sinais de vida passada.

Sem uma máquina do tempo, não há como observar diretamente quanta água havia num planeta Marte na sua juventude, há mais de três bilhões de anos. Mas os átomos de hidrogênio flutuando hoje na atmosfera de Marte atuam como um vestígio fantasmagórico do antigo oceano.

Na Terra, um em cada 5 mil átomos de hidrogênio é uma versão conhecida como deutério duas vezes mais pesado porque seu núcleo contém um nêutron e um próton. (O núcleo de um átomo de hidrogênio comum tem apenas um próton e nenhum nêutron).

Mas em Marte a concentração de deutério é muito mais alta, cerca de um em 700. Os cientistas do Goddard Space Flight Center da NASA, que informaram esta descoberta em 2015, disseram que esse dado pode ser usado para calcular o volume de água que havia outrora no planeta. Provavelmente, Marte no seu início tinha uma proporção de deutério similar ao da Terra, mas a fração de deutério aumentou com o tempo à medida que a água evaporou e o hidrogênio se perdeu no espaço, porque o deutério mais pesado tem menos probabilidade de escapar na atmosfera.

O problema, disse Renyu Hu, cientista do Jet Propulsion Laboratory da Nasa e um dos autores do artigo publicado na Science, é que Marte não perdeu hidrogênio muito rápido. Medições feitas pela sonda MAVEN (Mars Atmosphere and Volatile Evolution) mostraram que, à taxa atual, estendida por quatro bilhões de anos, só se obteria uma pequena fração da perda de água. Não é o bastante para explicar porque Marte secou tanto”.

O que levou à nova pesquisa que concluiu que uma grande parte da água se infiltrou nas rochas. “É um novo estudo muito interessante em que muitos processos são combinados para se chegar a cenários alternativos para o destino da água que havia em Marte”, disse Geronimo Villanueva, um dos cientistas da Nasa que realizaram as primeiras medições de deutério.

“Ele abre a possibilidade de um passado ainda mais úmido do planeta e de que as rochas em Marte hoje contêm mais água do que pensávamos no início”.

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