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Mundo A polêmica estratégia do Japão de conviver com o coronavírus

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Fechado para visitantes estrangeiros desde o ano passado, o Japão foi relativamente menos afetado pela pandemia que outras regiões do mundo. (Foto: Reprodução)

No Japão, oito meses depois de registrar os primeiros casos do novo coronavírus, ainda não há confinamentos obrigatórios, multas ou quarentenas. Por outro lado, a vida volta pouco a pouco ao normal.

Escolas, restaurantes e bares estão abertos, os pontuais trens voltaram a estar cheios e o governo implementou campanhas nacionais para incentivar a população a viajar dentro do país e também estimulando a comer fora de casa, como estratégias para recuperar a economia.

É, segundo suas autoridades, o resultado de uma “abordagem única” à pandemia que os ajudou a manter o vírus sob controle e reduzir o impacto econômico.

Segundo dados oficiais, o país asiático havia registrado até 7/10 cerca de 1.500 mortes e pouco mais de 82 mil casos. A taxa de mortalidade por 100 mil habitantes girava em torno de 1, enquanto que nos EUA chega a 64 e no Brasil, passa de 70.

O país não chega a ter o melhor resultado entre países asiáticos: Tailândia, Coreia do Sul ou Vietnã, que adotaram medidas mais drásticas, registraram menos casos.

Mas a nova estratégia do Japão tem se mostrado única por mesclar abordagem científica, flexibilidade e senso comum.

“No Japão, estamos usando uma abordagem diferente da que tem sido usada na maior parte do mundo”, afirma Hitoshi Oshitani, professor de virologia da Tohoku University School of Medicine, em entrevista à BBC News Mundo.

“Na maior parte do mundo, a estratégia tem sido tentar conter o coronavírus. Desde o início, não tínhamos esse objetivo. Optamos por algo diferente: decidimos aprender a conviver com esse vírus“, completa.

Segundo Oshitani, para isso, “procuramos reduzir ao máximo a transmissão, mantendo as atividades sociais e econômicas”.

“Aceitamos que esse vírus é algo que não pode ser eliminado. Na verdade, a grande maioria das doenças infecciosas não pode ser eliminada, então entendemos que a melhor forma de combatê-lo era convivendo com ele”, afirma.

Agora que uma segunda onda ameaça a Europa e as previsões de novos casos são cada vez mais preocupantes para o inverno, o Japão espera que sua experiência possa ajudar outros países a pensar em novas maneiras de lidar com a pandemia e, ao mesmo tempo, tentar salvar a economia.

Abordagem japonesa

Segundo Oshitani, um dos elementos que levaram o Japão e outros países asiáticos a estar mais bem preparados para fazer frente ao coronavírus é que, ao longo da histórias, eles sofreram com outras epidemias e estão localizados bem próximos da China.

“Como estamos relativamente perto de Wuhan, que foi onde a pandemia teve origem, nos preparamos muito rapidamente porque sabíamos que poderíamos ter muitos casos”, lembra o especialista, que foi um dos principais assessores do governo na estratégia contra o coronavírus.

Poucas semanas depois que o vírus veio à público na China, o Japão também registrou seu primeiro caso.

Era apenas 16 de janeiro e não demorou muito para que a situação no país fosse agravada por um cruzeiro marítimo, o Diamond Princess, que se tornou fonte de infecções no porto de Yokohama.

“Então, em meados de março, tivemos outro surto, que foi desencadeado por viajantes que chegavam da Europa, do Oriente Médio, da América do Norte e de muitos outros países”, lembra Oshitani, que também já atuou como ex-assessor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para doenças transmissíveis.

“Este surto estava sob controle em meados de maio. O governo decretou estado de emergência e suspendeu naquele mês, mas a essa altura outra onda de infecções havia começado em Tóquio, que agora está começando a diminuir”, acrescentou.

Foi nesse contexto, lembra Oshitani, quando as autoridades no Japão entenderam que precisavam de uma forma diferente de abordar a covid-19.

“Sabíamos pelo que aconteceu em Wuhan que é possível conter o vírus, mas é extremamente difícil fazê-lo. No Japão, porém, não tínhamos como implementar uma quarentena ou forçar as pessoas a ficar em casa”, diz.

O país, apesar de ser um dos mais desenvolvidos da Ásia, também não tinha capacidade para produzir e fazer testes em massa, como fazia a vizinha Coreia do Sul.

“Ficou claro que precisávamos de uma abordagem diferente”, diz Oshitani.

Em maio, o então primeiro-ministro, Shinzo Abe, suspendeu o estado de emergência e, ao mesmo tempo, anunciou que a estratégia do Japão para enfrentar o vírus seria “um novo estilo de vida” no qual o coronavírus começaria a ser visto como parte do cotidiano.

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https://www.osul.com.br/a-polemica-estrategia-do-japao-de-conviver-com-o-coronavirus/ A polêmica estratégia do Japão de conviver com o coronavírus 2020-10-07
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