Terça-feira, 14 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 18 de setembro de 2017
A chance de ter gêmeos é maior em tratamentos de reprodução assistida – quando casais necessitam de ajuda médica para engravidar, dizem especialistas. Isso porque, para garantir o sucesso da gestação, mais de um embrião é inserido no útero. No caso de mulheres com mais de 40 anos, o número de embriões implantados pode chegar até quatro, segundo resolução do Conselho Federal de Medicina.
“O templo é implacável e após os 40 anos a qualidade do óvulos cai abruptamente”, explica Arnaldo Cambiaghi, especialista em reprodução assistida. “Mulheres acima de 40 anos devem procurar ajuda de um especialista”, aponta.
No dia 12 deste mês, a cantora Ivete Sangalo, de 45 anos, anunciou que está grávida de gêmeos. Segundo o jornal “Extra”, ela fez terapias de reprodução assistida. Consultada, a assessoria da cantora não comentou a informação.
Thais Domingues, médica especialista em reprodução humana da Huntington Medicina Reprodutiva, aponta que cerca de 70% das mulheres acima de 40 anos vão ter problemas para engravidar.
Diante da dificuldade para engravidar após os 40 anos, algumas mulheres optam pela reprodução assistida – no procedimento, óvulos são fertilizados em laboratório e inseridos no útero. Para aumentar a taxa de sucesso, no entanto, especialistas aumentam a quantidade de embriões implantados.
Com o número de embriões, a taxa de gêmeos pode chegar a 30% a depender da idade do óvulo. “É uma taxa grande, bem acima da gravidez natural, que é de uma em cada 80”, explica Thais.
Médicos apontam, contudo, que cada vez mais a medicina está dando a possibilidade de inseminação de apenas um óvulo fertilizado. “Estamos inserindo geralmente um ou dos embriões; no máximo, chegamos a três”, diz Thais.
A cautela dos especialistas com a inseminação de embriões se deve aos riscos que uma gravidez tripla pode trazer para a gestação. “Uma gravidez gemelar é aceitável, mas acima disso, há riscos para a saúde dos fetos e da mãe”, pondera Cambiaghi. “Há o risco de diabetes, de pressão alta e de trabalho de parto prematuro”, avalia Thais.
Arnaldo explica que o número de embriões inseridos também está ligado aos custos do tratamento, já que no Brasil esse tipo de serviço não é oferecido no sistema público. “Os casais optam por mais embriões para aumentar a taxa de sucesso e fazer o procedimento uma única vez”, diz. “Em países europeus, o governo paga até seis tentativas”, aponta.
Congelamento de óvulos e reprodução assistida
O importante na fertilização é a idade do óvulos, diz Thais Domingues; e, por isso, algumas mulheres optam pelo congelamento. “Se o congelamento for feito antes dos 35, as chances de sucesso são bem altas; até os 38, o congelamento é viável”, explica.
Para o congelamento, mulheres recebem injeções de gonadotrofina, hormônios já produzidos naturalmente que controlam a ovulação. As injeções vão aumentar a produção de óvulos, que serão coletados por uma espécie de endoscopia vaginal. “A coleta é feita em duas horas por um procedimento laboratorial”, diz Thais.
Estudos apontam que os óvulos vão manter a qualidade e serem viáveis para a gravidez por até 5 anos de congelamento.
Já no procecimento da fertilização in vitro, o óvulo é fertilizado com esperma do parceiro ou de doador em laboratório. Depois, os embriões são inseridos no útero. Pode-se fazer ainda uma biópsia no embrião para avaliar o risco de doenças cromossômicas, como síndrome de Down.
“Após os 40 anos, a biópsia é altamente recomendável porque isso aumenta muito as taxas de sucesso”, explica Thais. “Isso nos ajuda a garantir que o embrião implantado está saudável”.