Domingo, 13 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 7 de março de 2020
Estar rodeado de pessoas com a mesma orientação sexual reduz os efeitos nocivos da discriminação sobre a saúde dos LGBT+. Segundo um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, a quantidade de amigos heterossexuais não faz diferença na melhoria da saúde, mas o número de LGBT+ sim: e quanto mais, melhor.
“Ter mais família e amigos por perto nos dá mais pessoas para nos apoiar quando realmente precisamos. Quando se trata de discriminação, as pessoas querem alguém em quem possam confiar e que possam escutar”, explicou William Chopik, líder da pesquisa, em comunicado. “Na maioria das vezes, isso significa dar apoio emocional; portanto, ter uma rede social maior torna isso possível.”
De acordo com os cientistas, os indivíduos da comunidade LGBT+ enfrentam estressores, como a violência e o preconceito, que têm consequências sérias para o bem-estar físico e emocional. A equipe norte-americana foi a primeira a identificar os fatores sociais que podem reduzir esse problema.
“As pessoas experimentam todo tipo de estresse diariamente, e a capacidade de lidar com ele de maneira eficaz pode impedir uma grande crise de saúde”, explicou Chopik. “Para as pessoas LGBT+, descobrimos que os relacionamentos são um recurso em que podem confiar.”
Chopik ainda ressalta que quem enfrenta discriminação tende a se isolar e cortar relacionamentos, e, por mais que isso seja compreensível, não é benéfico. Segundo a pesquisa, para os membros da comunidade LGBT+, quanto mais amigos, melhor.
Agora, os especialistas esperam que o estudo ajude a comunidade médica a tratar melhor quem é LGBT+. “Descobrimos que o estresse decorrente da discriminação significa pior saúde física e mental. Ter uma melhor compreensão dos fatores de risco e proteção presentes no ambiente de seus pacientes pode levar a uma compreensão mais holística de sua saúde e bem-estar”, observou Chopik.
Tratamentos de “cura”
Nove países, dentre eles Estados Unidos, Canadá, Chile, México e Alemanha, pretendem banir os chamados tratamentos de “cura” à população LGBT+. Segundo a Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersex (Ilga), essas “terapias” são baseadas na crença de que não ser heterossexual ou cisgênero é um problema de saúde mental que precisa ser “curado”.
“A principal força motriz [para o banimento] são os sobreviventes, com seus testemunhos”, disse Lucas Ramon Mendos, autor do relatório da Ilga, à agência de notícias Reuters. Segundo Mendos, 2020 pode ser um ponto de virada na luta contra essas “terapias” que já arruinaram muitas vidas. “Muita conscientização está sendo criada por meio dos testemunhos de sobreviventes”, afirmou.
Por mais que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) não classifique os membros da comunidade LGBT+ como doentes, apenas Brasil, Equador e Malta proíbem as chamadas “terapias de conversão”. Por aqui, elas são vetadas por serem consideradas ineficazes e prejudiciais à saúde mental dos que são condicionados a segui-las.
De acordo com a Ilga, em “tratamentos” como esses as pessoas LGBT+ (incluindo crianças) são submetidas a abusos como lobotomia, castração e até recondicionamento masturbatório. A intenção de quem conduz essas terapias é recondicionar a orientação sexual ou mudar a identidade de gênero dos “pacientes”
A Ilga também explica que existem poucos dados sobre esses tratamentos, mas que eles existem em ao menos 80 países. Como explicam no estudo, 42% das pessoas LGBT+ que têm entre 13 e 24 anos e foram submetidas à “terapia de conversão” relataram tentativa de suicídio no último ano — mais do que o dobro da taxa daqueles que não passaram pelo mesmo método.