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Mundo Águas perigosas: ataques a navios mercantes ligados a Israel põem em alerta navegação no Mar Vermelho

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As rotas de transporte marítimo são essenciais para o comércio exterior. (Foto: US Navy)

A milícia houthi, que há quase uma década trava uma violenta e inconclusiva guerra civil no Iêmen, anunciou ter atacado dois navios que trafegavam pelo Estreito de Bab el-Mandeb, que conecta o Golfo de Áden ao Mar Vermelho, rumo ao Canal de Suez.

A ação, além de um terceiro ataque não reivindicado, desta vez usando drones, soma-se a uma lista de incidentes envolvendo embarcações na região que já passa de uma dezena nos últimos dois meses, um cenário diretamente ligado à guerra entre Israel e o Hamas em Gaza e que ameaça uma rota marítima por onde passam anualmente 12% do comércio mundial.

Os ataques fizeram duas importantes operadoras navais, a Hapag-Lloyd e a Maersk, a suspenderem ontem a navegação de suas embarcações pelo Mar Vermelho.

De acordo com um comunicado da milícia, mísseis foram lançados contra o MSC Palatium e o MSC Alanya, que se dirigiam a Israel, porque “suas tripulações se recusaram a responder aos chamados das forças navais iemenitas”.

Uma terceira embarcação, o Al Jasrah, foi atingida por um drone, afirmou a operadora da embarcação, que seguia em direção a Cingapura —os houthis não comentaram a alegação.

Região instável

A insegurança no Golfo de Áden precede a guerra civil no Iêmen – nas últimas décadas, piratas sequestraram centenas de embarcações na costa da Somália, aproveitando-se do vácuo de poder em um dos mais pobres países da África. Em muitos casos, elas só foram liberadas após o pagamento de resgates.

A agência britânica de operações marítimas afirmou que um navio de bandeira búlgara foi sequestrado na área, e que a tripulação “está bem”. Contudo, mesmo a mais de mil quilômetros das águas azuis do estreito, a guerra em Gaza se tornou um elemento a mais de insegurança para empresas e tripulações que atuam na região.

Alinhados e financiados pelo Irã, os houthis prestaram solidariedade ao Hamas, e além de lançar drones contra o sul de Israel (quase sempre interceptados), prometeram desestabilizar o tráfego naval em uma das rotas mais movimentadas do planeta.

A milícia controla a capital, Sanaa, e parte da costa iemenita do Mar Vermelho, incluindo o porto de Hodeida, cenário de uma intensa batalha entre as forças do governo internacionalmente reconhecido do país, apoiado pela Arábia Saudita.

“Se Gaza não receber os alimentos e remédios de que precisa, todos os navios no Mar Vermelho que rumam para portos israelenses, não importa sua nacionalidade, serão alvos para nossas Forças Armadas”, afirmou, em comunicado no dia 9 de dezembro, um porta-voz do grupo.

O texto apenas oficializou ações que já vinham ocorrendo há algumas semanas. No final de novembro, um navio ligado a um bilionário israelense, o Galaxy Leader, foi sequestrado em águas internacionais, no sul do Mar Vermelho. Na ocasião, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, chamou o incidente de “ato de terrorismo”.

Dias depois, em 3 de dezembro, duas embarcações foram atingidas por mísseis e drones – embora a milícia tenha dito que se tratava de navios israelenses, as autoridades do país negaram a informação, e declararam que eles ostentavam bandeiras de Bahamas e do Panamá. Na terça-feira (12), um novo ataque danificou um navio norueguês a cerca de 111km do estreito. Apesar do destino final ser um porto na Itália, a empresa operadora reconheceu que existia a possibilidade de uma parada técnica em um porto israelense em janeiro.

Ataques como os dos últimos dias acenderam um sinal de alerta. Afinal, estima-se que cerca de 12% de todo o comércio mundial passem pelo Mar Vermelho, algo em torno de 17 mil navios por ano. E o primeiro impacto foi sentido no bolso: segundo a agência Reuters, o custo do seguro dos navios que passam pelo Estreito de Bab el-Mandeb subiu de 0,07% do custo total da embarcação para até 0,2%, um acréscimo de algumas dezenas de milhares de dólares.

“O último incidente [de sexta-feira, 15] representa um degrau acima de instabilidade para os operadores comerciais no Mar Vermelho, que levará a um forte aumento dos valores [de seguros] a curto e médio prazo”, disse, em declaração à imprensa, Munro Anderson, diretor de operações da Vessel Protect, especializada em riscos marítimos.

Operações suspensas

A médio e longo prazo, existe o temor de um impacto sobre os preços de insumos energéticos. Cerca de 12% de todo petróleo e 8% do gás natural liquefeito transportados por via marítima no planeta passam pelo estreito e pelo Canal de Suez, segundo números da Administração de Informação de Energia, uma agência do governo americano.

“Esses ataques têm o potencial de se tornarem uma ameaça econômica estratégica global, bem mais do que simplesmente uma ameaça geopolítica regional”, afirmou ao site Shipping Watch o ex-vice-almirante da Marinha britânica Duncan Potts.

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