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Carlos Alberto Chiarelli Amigos, amigos, negócios compartem

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O urânio é um dos mais valiosos dos minérios. O Brasil tem grandes minas, justamente no Ceará – que, sabemos todos, é dos estados mais pobres do país.

Há poucos dias, fez uma visita surpreendente ao Brasil, sem um programa consistente, e com uma divulgação bem mais restrita, o presidente da França, Emmanuel Macron. Restringiu-se a distribuir comendas a pessoas do círculo mais próximo da relação de Lula, a começar pela primeira dama.

O que não se comentou ao dizer que estava chegando o “solitário” executivo francês foi a que vinha sua Excelência para andar por dois ou três dias de “mãos dadas” com o Lula, como explicou, entre aspas, o presidente brasileiro. Seria o aprofundamento de uma relação que se quer explicar, interpretou um jornal “amigo” do palácio?

Alguém logo apareceu com a tese de que Macron viera para sedimentar uma parceria Brasil e França, acima de conveniências e de compromissos dos coletivos de que são partes: Brasil (Mercosul) e França (União Europeia).

Surge, então, uma veraz – bastante, pelo menos – explicação, visando (ou tentando fazê-lo) a rápida incursão de Macron e “de seu pulo ao Brasil”.

Havia (ou haveria?) uma possível relação com o presidente francês buscando aprofundar uma dependência que se criaria, tendo em vista a pendência que tem a França do urânio. O minério responderia por mais de 50% das necessidades energéticas gaulesas e que são, com muita dificuldade, compradas pelo governo de Paris do paupérrimo Niger, o que se vai reduzindo pela demanda francesa.

Agora, Macron, que operou como verdadeiro viajante comercial, não faz divulgação de seu deslocamento em direção de Lula, o qual, por sua vez, sempre tão loquaz e festivo, não punha em evidência a estada do executivo parisiense.

A visita de um e a acolhida de outro, se diz formalmente, visaria a propiciar o maior convívio entre ambos, que teriam importante pauta (?) a debater. O urânio, superlativamente valioso como minério, apenas surgiu no espaço de uma coluna de um jornal sem manchetes. Apareceriam as mais expeditas interrogações, assinadas por críticos experientes no mundo na pesada circulação de minérios.

Será que a França queria comprar urânio do Brasil sem nota fiscal? E o que significaria ao Brasil compartilhar dessa tão sigilosa agenda comercial? Fez nosso país a venda? De que quantidade? Por quanto? Já foi entregue o produto? Será que só Lula sabe? Seria um vendedor perfeitamente habilitado de direitos para tanto? E as leis situadas e citadas foram aplicadas?

O que, salvo o melhor juízo, convém registrar historicamente é que Macron nunca viera ao Brasil e AGORA cá esteve para comprar pelo preço (dizem os experts brasileiros), para ele mais conveniente, que o Brasil teria aceito como se poderia exemplificar com a postura de um lobo voraz, no caso a França, ante a inocência de cordeiro do Brasil. Por isso, a França não teria divulgado; e por uma certa similitude, não exata também, o Brasil não se lançou a comentários do assunto.

Fica-se perplexo – ocorrendo a venda – com a postura de Lula, que não obstaria a transação que, já na tradição histórica de alguns governos brasileiros, de diferentes ideologias, negaram-se a realizar.

Praticamente nenhum governo brasileiro vendeu urânio.

E se continua com interrogações tão importantes. Brasil vendeu? Quanto teria vendido? Por quanto? Houve uma negociação diplomática? Quem examinou as posições nacionais e enfatizou a conveniência do negócio? Na história do petróleo, a sua exploração mobilizou governos, fez debates ideológicos, fragilizou governos, como deveria ter ocorrido com o urânio.

Deve-se recordar que, insistindo no petróleo, além de intenso debate político ideológico, também se fez com que houvesse envolvimento jurídico e partidário.

É difícil concluir que se trate de uma “ação entre amigos”. No petróleo, houve todo o cuidado (e é mais barato). Por que esse “balde de chá”, no caso que agora estaria tendo por objeto central o valiosíssimo urânio? Haveria alguma razão que justificasse um tratamento liberal, tão diferente das regras usuais usadas pelo Brasil na defesa do valioso minério?

Houve quem aqui também sozinho tomasse um balde de chá?

Carlos Alberto Chiarelli foi ministro da Educação e ministro da Integração Internacional (e-mails para: carolchiarelli@hotmail.com)

 

 

 

 

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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