Terça-feira, 22 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 1 de outubro de 2016
Os smartphones da BlackBerry ainda podem ter milhões de fãs pelo mundo, mas a expectativa de vida do famoso celular parece mais próxima do fim. John Chen, diretor-presidente da companhia, não faz segredo de seu desejo de abandonar a batalha para reanimar sua divisão de hardwares. Ele definiu início de outubro como fim do prazo para aferir a lucratividade do negócio.
Para muitos, uma decisão de fechar as portas da unidade seria uma consequência inevitável. Os dados mais recentes sobre o setor são uma leitura desagradável para Chen, que estuda abandonar a produção dos telefones para se concentrar em software e tecnologia de segurança.
Dados.
Os dados de vendas, segundo a empresa de pesquisa Gartner, mostram uma lamentável fatia de 0,1% para a BlackBerry no segundo trimestre. Isso significou o envio de apenas 400,4 mil telefones ao varejo. É menos de um terço que no ano anterior e uma fração dos 15 milhões vendidos em um único trimestre, seis anos atrás, no pico de vendas do aparelho.
Annette Zimmermann, analista da Gartner, disse que a BlackBerry vendeu apenas 1 milhão de telefones neste ano. “Esse não é um negócio sustentável. Eu não vejo nenhuma perspectiva otimista na tentativa de recuperar terreno para o produto. É o fim da história.”
Ainda há esperança de que um BlackBerry bem menor e mais focado possa ter sucesso como um produto segmentado. Empresas como a rejuvenescida Nintendo provaram que persistir pode ser recompensador. Em abril, Chen contratou Alex Thurber, um ex-executivo da McAfee, para ser seu novo chefe de vendas de aparelhos, sugerindo não ter desistido.
A maioria dos analistas está cética. Ben Wood, da CCS Insight, disse: “A triste realidade é que, como [nos casos de] outros fabricante de telefones que definharam, os volumes de aparelhos BlackBerry não têm escala para ser comercialmente viáveis. A BlackBerry não pode perder dinheiro em aparelhos indefinidamente apenas para atender um pequeno subconjunto de clientes”.
Tentativas.
Chen tem se empenhado vigorosamente em salvar a BlackBerry, depois de uma tentativa frustrada de vender o negócio em 2013. Ele propôs devolver o BlackBerry a seu público básico: os usuários empresariais.
Ele abriu caminho para uma série de aparelhos que visavam retomar uma participação de mercado entre os funcionários de escritórios, tendo lançado o gigantesco Passport, um telefone quadrado, ideal para planilhas; e o Priv, focado em usuários preocupados com segurança. Ele também ressuscitou o modelo Bold como BlackBerry Classic, visando seduzir os usuários ainda saudosos de seus antigos designs.
Chen cortou custos na divisão de smartphones e em 2013 estabeleceu uma parceria com a Foxconn, fabricante sob demanda, para terceirizar a produção. Isso rendeu elogios da comunidade de tecnologia, ao mesmo tempo em que a empresa mostrou-se disposta a experimentar novos modelos e sistemas operacionais. No entanto, nenhum deles vendeu bem.
Metas.
Annette Zimmermann, da Gartner, argumentou que Chen não poderia ter fechado a unidade de celulares dois anos atrás, porque ela era responsável por 70% das receitas da empresa à época. Agora, a participação caiu para 36%, depois que as receitas da BlackBerry com software atingiram sua meta.