Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 2 de outubro de 2016
O tempo é curto, mas a agenda é longa e repleta de compromissos. Os homens podem estar ajudando mais nas atividades da casa, mas a mulher moderna assumiu o posto de multitarefas, no qual ela precisa fazer tudo ao mesmo tempo. E o estresse, que quase sempre acompanha uma rotina exaustiva, tem sido a causa do esquecimento frequente de atividades comuns do dia a dia das mulheres, como tomar a pílula anticoncepcional, levar as chaves de casa, carteira e celular; ou tirar a maquiagem antes de dormir, por exemplo. Os dados foram divulgados na pesquisa “Millennials e Contracepção – Por que nos esquecemos?”, realizada pela Bayer em nove países (Alemanha, Bélgica, Brasil, Espanha, Estados Unidos, França, Irlanda, Itália e México).
O resultado do estudo foi apresentado no Workshop sobre Saúde Feminina realizado em São Paulo, que contou com a participação dos ginecologistas Afonso Nazário, Chefe do Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Marta Finotti, Presidente da Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e Agnaldo Lopes Silva, além da psicanalista Regina Navarro.
Ao questionar mulheres entre 21 e 29 anos – que fazem parte da chamada geração millennials – e que fazem uso da pílula anticoncepcional como método contraceptivo, a pesquisa avaliou de que maneira a memória das mulheres dessa faixa etária pode ser afetada pelo estresse, levando em consideração as mudanças no estilo de vida delas em um curto espaço de tempo e a influência disso em suas atividades e hábitos cotidianos.
Por que elas esquecem de tomar a pílula?
Mais de 16 milhões de mulheres se encontram na faixa entre 20 e 29 anos no Brasil, o que representa 16,2% da população total, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A pesquisa apontou que boa parte delas esquece regularmente de fazer atividades diárias, como tomar a pílula. Entre as justificativas, as entrevistadas alegaram tendência em ser esquecida, ter alguma preocupação e mudanças na rotina.
O dado mais alarmante do estudo, no entanto, é que as brasileiras são as que mais esquecem de tomar a pílula anticoncepcional. Enquanto a média mundial ficou em torno de 39%, no Brasil, 58% delas apontaram esquecimento pelo menos uma vez no último mês, seguidas das americanas (54%) e das irlandesas e belgas (ambas 42%).
O estudo indicou que seis em cada dez brasileiras não tomam a pílula no mesmo horário todos os dias. “A pesquisa mostrou que mulheres que não têm o costume de tomar a pílula todos os dias no mesmo horário tendem a esquecê-la. Além disso, algumas pílulas, por terem baixa dosagem hormonal, devem ser ministradas sempre no mesmo horário para garantir a eficácia. É importante lembrar que a continuidade do uso também traz benefícios adicionais como a redução do sangramento, a melhora da acne e dos sintomas da TPM”, afirma o ginecologista Afonso Nazário, que participou da pesquisa.
Prevenção.
No estudo, ficou comprovado também que as mulheres abandonam o uso do preservativo quando utilizam a pílula como método anticoncepcional, e essa tendência aumenta com a idade. As mulheres brasileiras estão entre as que menos utilizam o preservativo quando adotam a pílula. Já as americanas são as que mais combinam contracepção com prevenção, pois 29% delas relatam usar preservativo mesmo tomando anticoncepcional.
Contracepção
No Brasil, o contraceptivo mais utilizado depois da pílula anticoncepcional é o dispositivo intrauterino, mais conhecido como DIU, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS). O DIU oferece a durabilidade de até 5 anos no caso do hormonal e de 10 anos no de cobre, e ambos possuem índice baixo de falha.
Os métodos contraceptivos reversíveis de longa duração são recomendados como opções de primeira linha para evitar a gravidez não planejada na adolescência, já que oferecem alta segurança e eficácia contraceptiva, não dependem da disciplina da mulher e podem ser interrompidos a qualquer momento, caso haja o desejo de ser mãe.
“Uma gravidez não planejada entre adolescentes tem consequências negativas para as jovens, suas famílias e também para a sociedade. O planejamento reprodutivo voluntário é um dos maiores avanços do último século em saúde pública e um dos investimentos mais custo-efetivos que um país pode realizar para o bem das próximas gerações”, ressalta a ginecologista Marta Finotti. (Carolina Zilio)
*A jornalista viajou a São Paulo a convite da Bayer