Quinta-feira, 17 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 13 de setembro de 2015
Ver estrelas de Hollywood apoiando organizações de direitos humanos para dar visibilidade a uma causa é algo corriqueiro. Mas uma situação pouco comum vem acontecendo entre atrizes famosas e a Anistia Internacional.
Emma Thompson, Meryl Streep, Kate Winslet, Anne Hathaway, Angela Bassett, juntamente com outras pessoas e organizações, assinaram uma carta rechaçando um documento do organismo internacional no qual foi analisada a possibilidade de recomendar a entes governamentais e internacionais a descriminalização da prostituição.
A postura da Anistia desatou uma onda de críticas, especialmente entre os grupos de defesa dos direitos das mulheres. Na carta à Anistia, o grupo de atrizes afirmou estar “profundamente preocupado com a proposta de adotar uma política que levaria à descriminalização de cafetões, dos donos de bordeis e dos consumidores de sexo – os pilares de uma indústria global do sexo que move 99 bilhões de dólares”.
Segundo a organização CATW (Coalizão contra o Tráfico de Mulheres, na siga em inglês), que também assinou a carta, há cada vez mais provas dos efeitos catastróficos da descriminalização do comércio sexual. A CATW diz concordar com a Anistia no que diz respeito ao fato de que as trabalhadoras do sexo não devem ser criminalizadas pela política ou pelo governo.
Apesar da polêmica, a Anistia Internacional aprovou em agosto a resolução que permite a criação de uma campanha para proteger profissionais do sexo, que inclui a defesa da total descriminalização da atividade. “Profissionais do sexo são um dos grupos mais marginalizados no mundo e são alvo de constante discriminação, violência e abuso na maioria das instâncias”, afirmou Salil Shetty, secretário-geral da Anistia Internacional, em texto divulgado pela entidade.
A decisão foi tomada pelo conselho internacional da Anistia durante encontro em Dublin, na Irlanda.
Gauri van Gulick, vice-diretora da Anistia para a Europa, também rebateu as críticas. “Nós ficamos bem surpresos com a carta”, revelou. “Ela realmente descaracteriza a política que defendemos. Estamos focados em como manter os profissionais do sexo a salvo, empoderá-los a ter acesso a seus direitos, assegurar que tenham direito a cuidados médicos. Acreditamos que não devemos punir aqueles que escolheram se tornar profissionais do sexo com a criminalização, tirando suas escolhas”, completou.
A Anistia Internacional defendeu ainda que a resolução foi produzida após consultas a grupos de profissionais do sexo, feministas, entidades que combatem o tráfico humano e a aids, entre outros. No Brasil, a prostituição e a contratação de profissionais do sexo não são considerados crimes. Já a exploração ou a indução da prostituição (atividade exercida por cafetões, por exemplo) é considerada um delito passível de pena de prisão.