Terça-feira, 19 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 1 de setembro de 2015
O horizonte tomado por espigões, alguns com mais de 40 andares, lembra São Paulo, mas é em Balneário Camboriú (SC), cidade à beira-mar com apenas 124 mil pessoas, que se constrói o futuro maior edifício exclusivamente residencial do País, segundo dados da ONG CTBUH (Council on Tall Buildings and Urban Habitat). O arranha-céu que promete deixar os outros prédios à sombra tem 280 metros de altura. A concorrência é acirrada: ali foram construídos os três maiores empreendimentos residenciais do Brasil, com 160 metros.
Quem chega a Balneário Camboriú, vê que a praia não é mais a protagonista. Os arranha-céus se multiplicam pela cidade e roubam o sol da faixa de areia: a partir de 14h, a sombra começa a se espalhar sobre a Avenida Atlântica, onde estão os maiores edifícios.
Mas a preferência por prédios descomunais, para os quais o céu não é mais o limite – como o One Tower, que tem 280 metros, segundo a ONG CTBUH, mas que a construtora FG Empreendimentos só informa que tem 70 pavimentos – está longe de ser unanimidade. Balneário Camboriú ostenta o quarto maior índice de Desenvolvimento Humano entre as cidades brasileiras – atrás apenas de São Caetano do Sul (SP), Águas de São Pedro (SP) e Florianópolis (SC) – e há mais de dois anos discute um novo plano diretor para definir o que pode e o que não pode ser feito. Durante as negociações, chegouse a suspender a autorização para novos prédios, mas essa restrição acabou suspensa há alguns meses.
“Os próprios edifícios fazem sombra no maior potencial turístico da cidade, a praia”, afirma o professor de arquitetura Evandro Gaspar.
Disputa metro a metro.
Para acabar com a sombra e criar vagas de estacionamento, existe até um projeto de alargamento da faixa de areia da praia em cem metros – com aterro do mar – que aguarda a aprovação dos órgãos de licenciamento ambiental. Após um movimento de verticalização iniciado nos anos 1980, o movimento ganhou força nos anos 2000. E restam apenas três casas na Avenida Atlântica.
As duas maiores construtoras da cidade – Embraed e FG Empreendimentos – travam uma disputa velada para definir quem constrói o edifício mais alto. O “embate” agita o mercado local da construção civil, alicerce fundamental da economia de Balneário Camboriú.
“Temos terrenos grandes para construções e pretendemos continuar a crescer, atentos à demanda. Camboriú se destaca pela beleza da arquitetura. E há prédios mais antigos, com arquitetura obsoleta, que podem ser repaginados”, afirma o diretor comercial da FG Empreendimentos, Altevir Baron, que avalia haver estrutura para projetos de grande porte na cidade.
Nesse mercado, a disputa é metro a metro. É da FG o Millenium Palace, prédio com 164 metros de altura e 44 pavimentos, pouco mais alto que as duas torres do Villa Serena, da Embraed, com 160 metros e 46 pavimentos. Em construção, o Yacht house Residence Club tinha previsão inicial de 227 metros. Em uma segunda versão, ganhou mais musculatura e galgou até os 254 metros e 74 andares, segundo a construtora Pasqualotto.
Diretor financeiro do Grupo Embraed, Marcos José da Silva afirma que não faria sentido restringir a construção em Balneário Camboriú e compara a situação com a de metrópoles como Nova York: “Se não gostassem de prédios altos, não receberíamos tantas pessoas na alta temporada. Existem pessoas que gostam de natureza intocável, outros gostam de gente”.
Muitos proprietários só ocupam os imóveis no verão, enquanto investidores apostam na temporada. A população da cidade pula para um milhão nessa época do ano.
Voltar Todas de Viagem e Turismo