Sábado, 12 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 11 de agosto de 2020
Beirute, a capital do Líbano, viveu nesta terça-feira (11) mais um dia de protestos contra o governo após uma megaexplosão que deixou dezenas de mortos e culminou na renúncia do primeiro-ministro Hassan Diab.
Manifestantes fizeram barricadas e houve confronto com policiais, que formaram barreiras nas ruas de Beirute para evitar que o grupo voltasse a avançar sobre o Parlamento libanês, como ocorreu em outros protestos desta semana.
Os protestos ocorrem na data que marca uma semana desde a megaexplosão no porto de Beirute, que reativou os protestos contra a classe política e a crise econômica vivida pelo Líbano – no ano passado, uma série de manifestações no país levou à queda do então premiê, Saad Hariri, antecessor de Diab.
Mais cedo nesta terça, milhares de pessoas marcharam perto do porto destruído pela explosão. Eles fizeram um minuto de silêncio no momento exato que marcou uma semana do incidente. Igrejas e mesquitas – templo das duas religiões mais numerosas no Líbano – convidaram as pessoas a orarem pelas vítimas.
Reunidos perto do “marco zero”, alguns carregavam fotos das vítimas enquanto uma grande tela reproduzia imagens da nuvem que se ergueu sobre a cidade na última terça-feira após a detonação de material altamente explosivo armazenado por anos, que feriu cerca de 6.000 pessoas e deixou centenas de milhares desabrigadas.
“ELE SABIA” foi escrito em uma imagem do presidente Michel Aoun em um pôster no local do protesto. Embaixo, dizia: “Um governo sai, um governo vem; continuaremos até que o presidente e o presidente do Parlamento sejam removidos.”
A megaexplosão preocupa tanto pela destruição de casas e apartamentos nos arredores do porto quanto pelos impactos econômicos de um porto bastante atingido. Silos considerados importantes para a distribuição de grãos no Oriente Médio e pelo Mediterrâneo foram parcialmente pulverizados – a estrutura ficava ao lado do armazém que explodiu.
A força da explosão foi tão grande que o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), indicou que a intensidade foi a de um terremoto de magnitude 3,3. O incidente abriu uma cratera de 43 metros de profundidade.
Como ainda há desaparecidos e feridos pela explosão, o número de mortos é incerto – fontes oficiais do governo falam em 171 vítimas, enquanto a Agência da ONU para Refugiados e a BBC estimam mais de 200 mortes.
De acordo com a agência Reuters, o governo libanês foi alertado em julho sobre o risco de uma explosão. Um documento feito por inspetores com o alerta chegou às mãos do premiê Diab e do presidente, Michel Aoun, que também é alvo dos protestos.
Aoun, que prometeu uma investigação rápida e transparente, tuitou nesta terça-feira: “Minha promessa a todos os libaneses em sofrimento é que não descansarei até que todos os fatos sejam conhecidos.” As informações são do portal de notícias G1 e da agência de notícias Reuters.