Quarta-feira, 11 de setembro de 2024
Por Redação O Sul | 12 de agosto de 2024
Com investimentos estimados entre US$ 2 bilhões (R$ 11 bilhões) e US$ 3 bilhões (R$ 16 bilhões) apenas na primeira fase, o maior projeto de produção de hidrogênio verde no Brasil tem o lançamento previsto para o ano que vem. A informação é da diretora de Infraestrutura do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciana Costa, que revela ainda, em entrevista ao Estadão/Broadcast, que o empreendimento pode chegar a US$ 7 bilhões (R$ 38,5 bilhões) nas fases posteriores de desenvolvimento.
A expectativa é de que a decisão final do investimento, a ser apoiado pelo banco de fomento, seja tomada até meados de 2025. O projeto vem sendo trabalhado pelo BNDES desde o ano passado. “Esperamos que, em 2025, o Brasil anuncie seu primeiro grande projeto de hidrogênio verde”, diz a diretora do BNDES.
A produção de hidrogênio com fontes de energia renováveis, que o faz ser classificado como “verde”, custa mais do que o dobro do produto gerado a partir de combustíveis fósseis, o hidrogênio cinza. Demanda assim o apoio do banco público para o investimento ser viável. “Talvez, perca dinheiro por um tempo até se tornar economicamente viável. Mas como toda tecnologia, ela é cara quando está sendo introduzida, e depois o preço cai”, comenta Luciana.
A vantagem do Brasil é que, além de ter já mais de 80% da energia elétrica gerada por fontes limpas, o preço da energia renovável do País é de aproximadamente metade da média de grandes economias, tendo como referência o custo nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A energia renovável corresponde a 70% do custo do hidrogênio verde, apontado como um dos mais promissores substitutos dos combustíveis fósseis.
“Somos muito competitivos em energia. Por isso que digo: o mundo está fazendo a transição energética e o Brasil está bem posicionado no setor de energia”, afirma a diretora.
O BNDES também pretende destravar investimentos em biometano – isto é, o gás combustível produzido a partir da decomposição de materiais orgânicos como o bagaço da cana-de-açúcar e restos de alimentos. O banco avalia que o Brasil pode ser o quinto maior produtor mundial de biometano.
Na entrevista, a diretora do BNDES antecipa que o banco de fomento mais do que dobrou as aprovações de financiamento em infraestrutura. O balanço com os resultados do BNDES no segundo trimestre será divulgado nesta terça-feira (13).
Um dos destaques recentes foi a aprovação do apoio financeiro de R$ 10,75 bilhões a obras, que somam R$ 15 bilhões, na via Dutra e na Rio-Santos, rodovias operadas pela CCR. Na esteira desse projeto, Luciana Costa conta que o BNDES aprovou na quinta-feira, 8, uma operação de R$ 1,3 bilhão para investimentos em rodovia no modelo de project finance non-recourse, estrutura também usada no contrato com a CCR. Nesse modelo de financiamento, o projeto entra como a garantia da dívida, sem a cobrança de aval ou fiança dos investidores.
Lembrando da promessa feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de entrega da Transnordestina até 2027, a diretora do BNDES pontuou também que um ciclo de investimentos em ferrovias está no horizonte da instituição.
Aeroporto de Porto Alegre
O BNDES está afinando “os últimos detalhes” para a concessão de uma nova linha de crédito em socorro à Fraport, concessionária que opera o Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre. O banco está ainda em vias de aprovar uma operação financeira de apoio ao setor de saneamento no Rio Grande do Sul, em meio aos esforços de reconstrução da infraestrutura do Estado, após a tragédia climática.
“A logística e a infraestrutura precisam ser restabelecidas para a economia voltar. Então, o BNDES foi muito rápido na aprovação das linhas para a reconstrução da parte de infraestrutura do Rio Grande do Sul. O aeroporto está muito perto (da recuperação) e já há uma linha disponível para a Fraport também, só acertando os últimos detalhes”, contou Luciana Costa.
Na semana passada, o ministro da Secretaria para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, anunciaram a autorização para o aeroporto retomar a venda de passagens aéreas à população. Segundo o governo, o aeroporto será parcialmente reaberto em 21 de outubro, e a concessionária previa operar com plena capacidade a partir de 16 de dezembro.
“Então, a infraestrutura está bem coberta do ponto de vista de aprovação (de linhas). E acompanhamos o restabelecimento dos serviços e a reconstrução da infraestrutura”, afirmou Costa.
Em julho, a Fraport divulgou que o valor das obras de recuperação da estrutura do aeroporto internacional de Porto Alegre, incluindo a pista de pousos e decolagens, está estimado em R$ 700 milhões. O BNDES já tinha anunciado em junho a suspensão por 12 meses dos pagamentos de empréstimos para o aeroporto de Porto Alegre.