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Saúde Brasil ainda não cumpre todas as metas para fim do HIV, aponta relatório da ONU

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Em 2022, o Brasil registrou 51 mil novas infecções pelo HIV. (Foto: Rodrigo Nunes/MS)

O Brasil ainda não cumpre todas as metas para fim do HIV, segundo novo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids). Com 990 mil pessoas infectadas, o País ainda enfrenta obstáculos na prevenção e tratamento. A nação cumpre apenas uma das três metas para acabar com a Aids como ameaça à saúde pública até 2030, chamadas de “95-95-95”. Os números representam os países em que 95% das pessoas que vivem com HIV conhecem seu status sorológico; 95% das pessoas que sabem que vivem com HIV estão em tratamento antirretroviral que salva vidas; e 95% das pessoas em tratamento estão com a carga viral suprimida.

No caso brasileiro, houve o atingimento de, respectivamente, 88-83-95, ou seja, apenas a meta de pacientes com carga viral suprimida foi atingida. “O país ainda enfrenta obstáculos, causados especialmente pelas desigualdades, que impedem que pessoas e grupos em situação de vulnerabilidade tenham pleno acesso aos recursos de prevenção e tratamento do HIV”, declarou o relatório da Unaids. Em 2022, o Brasil registrou 51 mil novas infecções pelo HIV e 13 mil óbitos em decorrência da Aids.

De acordo com o relatório, países como Botsuana, Essuatíni, Ruanda, a República Unida da Tanzânia e Zimbábue já alcançaram as metas “95-95-95”. Outros 16 países, oito dos quais na África subsaariana, região que representa 65% de todas as pessoas vivendo com HIV, também estão próximos de alcançar essas metas. A publicação também revela que, em 2022, a cada minuto, uma pessoa morreu em decorrência da Aids. Em todo o mundo, 39 milhões de pessoas vivem com o HIV, mas cerca de 9,2 milhões ainda não têm acesso ao tratamento, incluindo 660 mil crianças vivendo com o vírus.

Testagem

De acordo com Ariadne Ribeiro, oficial de igualdades e direitos do Unaids no Brasil, para avançar no cumprimento da primeira meta, do diagnóstico, a testagem do HIV precisa estar na rotina dos serviços de saúde e da população. “Nove por cento as pessoas estão vivendo normalmente e, sem saber, transmitindo o vírus.”

Já no caso dos 19% que sabem do diagnóstico, mas que não estão em tratamento, ela defende que os serviços de saúde façam seguimento desses pacientes e criem estratégias de retenção. “Tem que ligar, perguntar por que não foi buscar a medicação. Tem que ter uma aproximação maior com as pessoas vivendo com HIV/aids.”

Os dados também mostram que o Brasil, pelo segundo ano consecutivo, registra uma estabilidade da epidemia. “É um indício de que alguma coisa não está bem, um certo número de infecções estão acontecendo, e pessoas estão sendo deixadas para trás.”

Prevalência

De acordo com o relatório, a maior prevalência das infecções no Brasil está entre as pessoas trans (30%), homens que fazem sexo com homens (18%) e trabalhadores do sexo (5,3%).

“No Brasil, a população trans tem sido usada politicamente para causar pânico na sociedade. A gente vê projetos de lei propondo criminalização do cuidado, da aceitação dos pais. Esses projetos causam uma barreira de acesso ainda mais forte do que todas as outras barreiras estruturais.”

O relatório também traz um posicionamento contrário às leis que criminalizam pessoas de populações-chave, ou seus comportamentos. Em 145 países, é crime o uso ou posse de pequenas quantidades de drogas. Cento e sessenta e oito países criminalizam algum aspecto do trabalho sexual, 67, a relação sexual consensual entre pessoas do mesmo sexo, e 20, entre pessoas transgênero.

Segundo Ariadne, algumas pesquisas já demonstraram que o estigma e a discriminação estão presentes em quase todas as áreas da vida dessas populações mais afetadas pelo HIV. Um trabalho de 2019 apontou, por exemplo, que 6% da pessoas trans foram discriminadas dentro dos próprios serviços de saúde no Brasil.

O Unaids considera que Brasil, por sua vez, está no caminho, com suas metas na casa de 88-83-95. Mas o país ainda enfrenta obstáculos, causados especialmente pelas desigualdades, que impedem que pessoas e grupos em situação de vulnerabilidade tenham pleno acesso aos recursos de prevenção e tratamento do HIV que salvam vidas.

Ariadne disse que há estados, especialmente os da região Norte, que precisam não só de um trabalho mais profundo de estruturação dos serviços de saúde, mas também de trabalhar aspectos culturais que fazem com que as populações mais afetadas pelo HIV tenham dificuldades de acessar as políticas públicas de saúde, de educação, de trabalho.

“Sem essas garantias, fica muito mais difícil que essas pessoas consigam manter o tratamento com antirretrovirais, que é contínuo e exige uma alimentação regrada.”

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https://www.osul.com.br/brasil-ainda-nao-cumpre-todas-as-metas-para-fim-do-hiv-aponta-relatorio-da-onu/ Brasil ainda não cumpre todas as metas para fim do HIV, aponta relatório da ONU 2023-07-15
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