Sábado, 05 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 18 de abril de 2022
Mais de 80 mil casais se divorciaram nos cartórios do Brasil em 2021 – um número recorde, segundo dados do Colégio Notarial do Brasil, que reúne os tabelionatos de notas do País. Os dados não incluem os divórcios judiciais.
De janeiro a dezembro, foram 80.573 divórcios, uma alta de 4% em relação aos 77.531 registrados em 2020 e o maior número da série iniciada em 2007 (quando foram anotados 22.195 divórcios nos cartórios).
Por Estado
O Distrito Federal liderou o crescimento dos divórcios no ano passado, com uma alta de 40%, para 2.583. Houve altas acentuadas também no Amapá (33%), Acre (27%), Pernambuco (26%) e Roraima (19%).
Em números absolutos, São Paulo lidera com folga: foram 17.701 casamentos desfeitos em 2021. Paraná aparece na segunda posição, com 9.501, seguido por Minas Gerais (8.025). O Rio Grande do Sul passou de 5.866 divórcios em 2020 para 6.343 em 2021, um aumento de 8%.
Divórcio online
A possibilidade de realização de divórcio online pode ter dado impulso a esse movimento. Segundo a presidente do CNB, Giselle de Barros, os divórcios extrajudiciais – aqueles realizados em cartório de notas, sem a necessidade de se recorrer à Justiça – já vinham crescendo ano a ano.
Em julho de 2020, em meio à crise da Covid-19, a plataforma e-Notariado passou a permitir a realização da maior parte dos atos notariais de forma remota – incluindo divórcios.
“Com a migração dos serviços notariais para o meio eletrônico, a facilidade de fazer o ato online, sem se deslocar, se tornou um diferencial ainda maior, pois muitos estavam em isolamento e conseguiram resolver pendências da vida pessoal de forma remota”, aponta em nota Giselle de Barros.
Dicas pós-divórcio
Durante um divórcio, muitas são as perdas para os ex-cônjuges: emocionais, financeiras, familiares, sociais. E neste momento de fragilidade e rompimento do vínculo amoroso, ter amizades presentes é um excelente apoio e meio para enfrentamento da crise.
Segundo Maria Silvia Todeschi de Sousa, psicóloga de casais, é fundamental que aqueles que estão se divorciando possam contar com as redes de apoio existentes, visto que os vínculos afetivos fornecem pertencimento e saúde emocional. “Amigos podem amenizar a dor de quem enfrenta esse processo, oferecendo apoio, escuta, acolhimento no processo de transição e participação na formação de uma nova rotina”, acredita a psicóloga.
Cada separação, assim como cada história pessoal e de relacionamento, são únicos. Portanto, dependendo de como ocorreu, se foi dialogada e consensual ou se foi estressante e litigiosa, o apoio dos amigos pode ter um peso maior ou menor para enfrentar tal momento, destaca Célia Mazza de Souza, psicoterapeuta de casais e famílias.
Para tanto, o divorciado precisa estar aberto para novas experiências, elegendo as pessoas certas para confiar e compartilhar suas frustrações, sem exigir que os amigos tomem qualquer partido sobre os motivos do divórcio, sugere Maria Silvia.
Para quem é amigo em comum de um casal enfrentando um processo de divórcio, Maria Silvia deixa algumas dicas para manter a relação fraternal com ambos:
— Seja neutro, separe os conflitos conjugais das relações de amizade e não faça aliança com nenhuma das partes.
— Respeite as dores e frustrações de ambos os lados, além da sua própria frustração enquanto amigo do ex-casal.
— Assegure que a amizade entre vocês continuará a existir, mesmo que numa nova formatação. Isso é bastante importante nessa fase de muitas perdas.
— Tenha comunicação clara quando houver algum evento ou festividade, tentando evitar desconfortos e desentendimentos. Se for fazer uma festa e convidar ambos, por exemplo, esclareça que os dois são importantes para você.
— Não seja mediador de conflitos, isso fica para advogados e psicólogos.
As diversas mudanças e quebra de vínculos já trazem bastante sofrimento para quem está se divorciando. Portanto, amizades que prejudicam ainda mais esse processo doloroso não são bem-vindas, destaca Maria Silvia. Segundo a profissional, isso acontece “quando os amigos tomam partido de um dos lados, aumentam os conflitos, envolvem-se em fofocas e potencializam prejuízos relacionais”.
Além dos conflitos, Celia explica que, algumas vezes, o processo de elaboração do luto do relacionamento que acabou pode estar cheio de lembranças com os amigos e que o divorciado, naquele momento, pode não dar conta de lidar. Nesses casos, a especialista sugere o afastamento dessas amizades.