Sexta-feira, 09 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 8 de maio de 2025
Circulou esta semana nas redes sociais a possibilidade do Amapá estar na rota de queda da sonda espacial Kosmos 482, lançada em 1972 pela então União Soviética com o objetivo de estudar o planeta Vênus. Na quarta-feira (7), o Projeto Brasileiro de Pesquisas de Meteoros Exoss descartou essa possibilidade e informou que a sonda deve cair no sábado (10), no Norte do oceano Pacífico.
A espaçonave foi lançada há 53 anos, mas não conseguiu deixar a órbita da Terra por conta de uma falha no foguete. Por conta disso, o projeto foi abandonado, como explica o cientista planetário Marcelo De Cicco, que é coordenador do projeto de meteoro Exoss e membro da Sociedade Astronômica Brasileira.
“Como é uma sonda preparada para entrar em Vênus e como a gente sabe que a atmosfera de Vênus é extrema, com altas pressões, muitas vezes a pressão da Terra e o calor um verdadeiro inferno, essa sonda é sempre preparada para uma reentrada de uma atmosfera mais agressiva do que a Terra”, explicou.
Pela última análise feita nesta quarta-feira pelo pesquisador, a queda está prevista para o fim da tarde de sábado longe da costa da América do Norte.
“Não tem nenhuma previsão de reentrada no Brasil”, afirmou o pesquisador.
Na época do lançamento, a maior parte do equipamento reentrou e se desintegrou na atmosfera nos anos seguintes, mas acredita-se que a cápsula de pouso – um módulo esférico de aproximadamente um metro de diâmetro e quase 500 quilos – permaneceu orbitando a Terra por mais de meio século.
Tentativa frustrada
Após a tentativa frustrada de viajar ruma a Vênus, a Kosmos 482 se separou em quatro partes, segundo a Nasa. Agora, a peça de meia tonelada pode reentrar em nossa atmosfera dentro de uma faixa entre 52 graus de latitude norte e 52 graus de latitude sul, cobrindo uma vasta área da superfície terrestre.
Segundo o astrônomo Cássio Barbosa, esse é o padrão para a maioria dos satélites que reentram na atmosfera, por causa da sua órbita. Somente os satélites com órbita polar (menos de 10% do total) têm um mapa diferente.
Embora a maior parte dessa área seja oceano ou terra desabitada, os Centros de Operações de Vigilância e Rastreamento Espacial da União Europeia (EU SST) estão trabalhando para restringir o possível local e horário de reentrada.
À medida que a reentrada se aproxima, as previsões se tornarão mais precisas, mas ainda há incertezas devido à natureza descontrolada do objeto.
“Nunca houve morte por causa da queda de lixo espacial. Há casos danos em propriedades apenas. É mais fácil sermos atingidos por um raio do que por este lixo espacial”, declara Barbosa.
“Teoricamente, todos os locais por onde as linhas passam, seriam um local de queda, inclusive o Brasil. Mas o centro dessas janelas não está sobre o Brasil e as previsões variam com a atividade solar, da temperatura e condições climáticas e globais. É muito improvável que tenha algum risco de cair no Brasil. Mas não dá para descartar 100%”, acrescenta o astrônomo.