Segunda-feira, 30 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 9 de agosto de 2015
“Essa é a revolução da fome”, gritavam alguns dos responsáveis pelo saque a um supermercado em San Félix, no Sul da Venezuela. Como em outras cidades do país, o município do Estado de Bolívar vem sendo palco de uma série de ataques a supermercados e farmácias que em seus momentos de funcionamento normal abrigam enormes filas de consumidores em busca de alimentos e produtos de primeira necessidade.
Na noite de terça-feira, no município de Guajira, no Estado de Zulia, manifestantes saquearam quatro caminhões de comida antes de invadir a prefeitura local, onde incendiaram retratos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, e enfrentaram policiais. Números do OVCS (Observatório Venezuelano de Conflitividade Social) apontam que apenas em 2015 já foram registrados 56 saques e 502 protestos motivados por escassez de alimentos, remédios e produtos de higiene.
Marco Antonio Ponce, coordenador do OVCS, diz que 98% dos protestos foram pacíficos, embora ele demonstre preocupação com o aumento de atos de vandalismo. “Há pequenos estopins sociais todos os dias”, afirma. E tudo indica que os saques continuarão a acontecer nos próximos meses.
O governador do Estado de Bolívar, Francisco Rangel Gómez, diz que os roubos são parte de um plano de desestabilização do governo. Já a MUD (Mesa de Unidade Democrática), principal coalizão de oposição, afirma que o governo se desviou da responsabilidade pela crise, culpando o imperalismo e os partidos de oposição, e convocou um protesto para condenar a fome, a escassez de alimentos, a corrupção e a insegurança. “A MUD condena a insuportável situação a qual o povo venezuelano é submetido devido à destruição da economia perpetrada pelo governo nacional,” disse a coalizão em nota. (AG)