Sexta-feira, 04 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 3 de julho de 2025
Com o acirramento da crise entre governo e Congresso, dirigentes do Partido Progressistas aumentaram a pressão pela saída do ministro do Esporte, André Fufuca, vice-presidente da sigla e deputado federal licenciado.
A relação entre Executivo e Legislativo passa por altos e baixos desde o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas a turbulência ganhou impulso com a derrubada do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), decisão do Congresso que o Planalto agora tenta reverter via Supremo Tribunal Federal (STF).
O PP já tinha dado um passo rumo ao afastamento ao formar uma federação com o União Brasil, legenda que indicou três ministros, mas cujo comando passou a dar sinais de distanciamento do governo. A nova configuração partidária levará a uma bancada de 11 deputados, a maior da Câmara, e 14 senadores, a maior do Senado ao lado de PL e PSD.
A movimentação indica um realinhamento pensando em 2026. Dirigentes da federação já manifestaram que vão trabalhar pelo apoio a um nome da centro-direita. Aliados de Lula já contam com a defecção e buscam lideranças desses partidos que possam dar apoios pontuais nos estados ao projeto de reeleição.
“Vamos discutir isso (saída do PP do governo) em agosto, depois das convenções partidárias”, afirma o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), sobre o encontro em que o partido vai oficializar a aliança com o União.
Além de Fufuca, dirigentes do PP participaram, junto com outras legendas do Centrão, da indicação do presidente da Caixa, Carlos Vieira. Líderes do PP dizem que o ministro do Esporte já foi avisado sobre o crescente descontentamento na bancada com a sua permanência na gestão petista. Aliados, no entanto, negam que haja qualquer tratativa sobre sua saída e dizem que ele não foi procurado oficialmente para discutir o assunto.
As conversas internas no PP estão em consonância com o movimento de outros partidos do Centrão. O União Brasil vem adotando postura semelhante, mas dirigentes afirmam que a tendência é que o partido, mesmo que oficialize o desembarque, não puna filiados que desejem estar com Lula, o que abre espaço para casos pontuais de permanência. A sigla indicou três ministros: Celso Sabino, do Turismo; Waldez Góes, da Integração Regional; e Frederico Siqueira Filho, das Comunicações.
Uma possibilidade para o União é a candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que já se apresentou também como alternativa. Outra hipótese, que também pode incluir PP e Republicanos, é uma possível aliança com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cujo grupo trabalha com os nomes do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ou um membro da família Bolsonaro para liderar a chapa. Neste cenário, a federação PP-União já vislumbra ocupar a vice.
No caso do Republicanos, à frente do Ministério de Portos e Aeroportos com Silvio Costa Filho, os sinais de afastamento do governo Lula são semelhantes.
“Sempre fomos independentes. A entrada dele (Silvio Costa Filho) foi pessoal”, disse Marcos Pereira, presidente da legenda.
O PSD, com três ministérios, também tem adotado um discurso mais crítico ao Palácio do Planalto. O presidente do partido, Gilberto Kassab, afirmou recentemente que não está na base, mesmo com os cargos. Kassab tem defendido lançar Ratinho Júnior (PR) ou Eduardo leite (RS) ou apoiar Tarcísio de Freitas. Secretário do governo paulista, ele almeja a sucessão no estado.
“Qualquer grande partido tem por sonho ter uma candidatura própria à presidência. Esquece a questão do Lula. Não é Lula ou não Lula”, afirmou o dirigente durante evento em São Paulo, no início do mês. (Com informações do jornal O Globo)