Quarta-feira, 01 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 9 de agosto de 2015
A escassez na Venezuela está obrigando as pessoas que fizeram transplantes a recorrer aos remédios veterinários. A falta de medicamentos no país chega a 70%. A Prednisona e o Cellcept, imunossupressores que evitam a rejeição do organismo aos órgãos, desapareceram das farmácias desde o começo de julho, de acordo com pacientes. Eles estão em uma situação crítica, já que não podem suspender o uso.
“Quando acabou a Prednisona humana, todo mundo começou a procurar a canina”, disse o presidente da Federação Farmacêutica, Freddy Ceballos. “Está se colocando em risco a vida das pessoas”, alertou Francisco Valencia, presidente da fundação Amigos Transplantados, que apoia esses pacientes conseguindo os medicamentos necessários.
Kevin Blanco tem 47 anos e recebeu um transplante de rim aos 15. Ele ficou sem seus remédios durante um mês até a última terça-feira, quando o seguro social voltou a distribui-los. Durante esse tempo, teve que recorrer a Prednisona veterinária. “É humilhante saber que sua vida depende de um medicamento para animais”, afirma Blanco ao mostrar a embalagem do medicamento que estampa a imagem de um cachorro e um gato. O médico de Blanco informou a ele que consumir o medicamento para animais seria “por sua conta e risco”.
O governo venezuelano não divulga os números oficiais da escassez desde fevereiro de 2014 e nega que a Prednisona esteja em falta, dizendo que em julho chegou um lote de Cuba com 1,2 milhões de comprimidos.
Muitos pacientes estão buscando antibióticos, esteroides e medicamentos para tratar doenças de pele em lojas de animais. A informação é do presidente da Federação Médica Venezuelana, Douglas León Natera.
Preço
A Prednisona é produzida na Venezuela com matéria-prima importada, mas somente a versão para humanos está regulamentada e custa 0,2 bolívares. A veterinária custa em torno de 90 vezes mais. (AFP)