Sábado, 11 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 21 de abril de 2017
O ex-executivo da Odebrecht Fábio Gandolfo afirmou em depoimento ao Ministério Público que a construtora usou um contrato fechado dentro do projeto de construção do submarino nuclear brasileiro para desviar R$ 80 milhões, que foram destinados ao setor que pagava propina a políticos.
De acordo com Gandolfo, em 2010 a Odebrecht subcontratou, por R$ 408 milhões, a empresa Jan De Nul, que, segundo ele, tem sede na Bélgica, para fazer serviços de dragagem e aterro hidráulico para a construção do estaleiro do submarino.
O delator disse que foi informado que esse contrato com a Jan De Nul seria usado para geração de caixa dois para o setor de operações estruturadas, responsável pelo pagamento de propinas.
Segundo ele, de maneira legal a empresa evitou dupla tributação sobre o contrato e conseguiu economizar entre R$ 80 milhões e R$ 90 milhões, dinheiro que foi para o caixa 2.
“Ele fez uma divisão, abriu o contrato em vários subcontratos e, com isso, ele conseguiu, em termos fiscais tributários, uma economia na ordem de R$ 80, R$ 90 milhões, pelo que eu soube”, disse ele aos investigadores.
“Teoricamente, tudo aí legalmente, ok? Onde está a ilegalidade? A ilegalidade está que esses R$ 80, R$ 90 milhões que a gente poderia economizar, a gente pagava o valor do metro cúbico cheio para a Jan De Nul e consequentemente ela tinha um delta de ganho de R$ 80 milhões. E ele utilizou esses R$ 80 milhões, R$ 90 milhões, que a Jan De Nul transferia para uma conta da Odebrecht, não sei se dólar ou em real, e aí isso era utilizado como caixa real”, completou o delator.