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Política Deputada Carla Zambelli queria que o seu partido contratasse hacker para fiscalizar as eleições

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Parlamentar diz que advogado pediu dinheiro por informações tratadas em reunião com Bolsonaro; defensor nega. (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados)

Responsável por levar o hacker Walter Delgatti, conhecido como “Vermelho”, a reuniões em Brasília na última semana, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou a interlocutores que sua intenção era discutir a possibilidade de ele integrar uma equipe de consultores contratados para fiscalizar as urnas eletrônicas.

A parlamentar levou Delgatti a um encontro com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, na sede do partido, e a outro no dia seguinte com o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada.

Preso em 2019 na Operação Spoofing, Delgatti foi o responsável por invadir o Telegram e copiar diálogos de integrantes da Operação Lava-Jato. O plano de Zambelli era que ele fosse contratado como um especialista em ataques cibernéticos pelo Instituto Voto Legal, indicado pelo PL ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para auditar as eleições em outubro — a instituição ainda aguarda o credenciamento da Corte.

Segundo ela detalhou a pessoas próximas, o principal argumento para contratá-lo era que ninguém dos partidos de esquerda iria querer contestar o trabalho do hacker que revelou a chamada “Vaza Jato”— os dados vazados contribuíram para mudar o entendimento sobre as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que fez com que o petista retomasse os direitos políticos e pudesse concorrer neste ano.

Duas pessoas do PL confirmaram a história. A parlamentar não quis falar sobre o assunto, mas revelou que pagou a hospedagem de Delgatti e do advogado Ariovaldo Moreira, no hotel Phenícia, em Brasília, cujas diárias custam em torno de R$ 200. Moreira defendeu Delgatti na ação da Spoofing.

Delgatti foi à reunião com Valdemar na última terça-feira para falar justamente sobre esse trabalho que ele poderia exercer como “fiscalizador das eleições”. Já a audiência com Bolsonaro tratou de outro assunto, que é mantido em segredo.

Questionada sobre o teor dessa reunião no Alvorada, a deputada confirmou que ali foram tratadas “informações valiosas” às quais ela se recusou a revelar: “Isso eu não posso falar”, disse ela.

Na versão de Zambelli, Moreira pediu uma compensação financeira para que as tratativas continuassem, mas ela recusou. O advogado, por sua vez, nega qualquer pedido de dinheiro.

“Ele virou para perguntar para mim quanto valia a democracia. Eu falei a ele que a democracia não tinha preço. E ele: ‘mas eu queria ouvir um valor'”, relatou a deputada. Ela ainda afirmou que o advogado ficou “nervosinho” com a recusa, decidiu ir embora e tentou levar o hacker com ele. “E o Walter (Delgatti) falou: ‘não, eu vou ficar’. E aí ele vazou (o encontro) para a imprensa, porque ele ficou nervosinho e queria dinheiro”, completou.

O advogado Ariovaldo Moreira negou que tivesse pedido dinheiro à deputada e a acusou de estar mentindo. “Em momento algum foi pedido dinheiro. Pelo contrário, ela pediu que ele (Delgatti) fizesse coisas que eu achei que ele não devia fazer.”

O advogado, porém, não explicou qual foi o pedido de Zambelli. “Eu não vou falar o que ela pedia. O que ela queria eu não ia fazer, só isso. Não pedi dinheiro em momento algum. Ela pode fazer a acusação que ela quiser. Agora, se eu queria dinheiro e o Walter ficou lá? Não é estranho isso?”, questionou ele.

Interlocutores da campanha teriam ficado indignados com a iniciativa de Zambelli, a qual chamaram de “operação aloprada”. Essas mesmas pessoas ainda comentaram que Valdemar saiu desconfiado do encontro com o hacker e o advogado.

Outra pessoa que participou das reuniões foi o irmão de Carla, Bruno Zambelli — foi ele quem pegou Delgatti e Moreira no aeroporto e os levou ao hotel. Ele não quis dar detalhes sobre as conversas, dizendo apenas que o advogado era “doido”.

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