Sábado, 05 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 29 de maio de 2022
Sob a luz de agressões que aconteceram nas Assembleias Legislativas de Rio de Janeiro (Alerj), São Paulo (Alesp) e Minas Gerais (ALMG), deputadas estaduais e uma vereadora denunciam episódios de racismo e transfobia dentro e fora do plenário. Andréia de Jesus (PT-MG), Mônica Seixas (PSOL-SP) e Érica Malunguinho (PSOL-SP) e a vereadora de Niterói Benny Briolly (PSOL-RJ) protagonizaram episódios recentes que provocaram comoção.
Parlamentares do PSOL foram alvo de ataques neste mês na Alesp. No dia 18, na sessão que votava a suspensão temporária de Frederico D’Ávila (PL), Wellington Moura (Republicanos) disse que iria “colocar um cabresto na boca” de Mônica. No dia anterior, um outro embate na votação que cassou o mandato de Arthur do Val (União Brasil). Mônica pediu a palavra após Douglas Garcia (Republicanos) fazer um discurso considerado transfóbico por Érica.
“A Érica é humilhada por ser trans. Eu divulguei que tenho depressão e eles caçoam disso. “Vem tomar sua tarja preta”, dizem. Eles pegam no que acham que podem subjugar e sabem que não serão punidos”, afirma Mônica, que pediu a cassação de Moura no Conselho de Ética.
Na última semana, Moura usou a tribuna para pedir desculpas a Mônica. Ele alegou que não teve intenção de ofender a deputada.
No Rio, Benny Briolly denunciou transfobia e racismo depois de ser chamada pelo deputado Rodrigo Amorim (PTB) na Alerj de “belzebu” e “aberração da natureza”. O episódio, segundo ela, foi motivado por ela ter apresentado projeto na Câmara de Niterói que instituía em 12 de novembro o Dia de Maria Mulambo, entidade da Umbanda.
Já em Minas, Andreia de Jesus diz ser vítima de racismo, principalmente após passar a presidir a Comissão de Direitos Humanos. No plenário, a bancada da bala trata a petista como “inimiga número um”.
Diante da postura da deputada, uma série de ataques foram recebidos. Entre eles, a mensagem “Seu fim será como o de Marielle Franco”. Na ocasião, ela registrou boletim de ocorrência e aderiu à escolta policial.
“Minha equipe mapeou 3.500 xingamentos e temos 27 inquéritos por racismo, injúria racial ou ameaça. São grupos que atacam coordenadamente mulheres, negros, grupos LGBT. Até hoje vejo as ameaças e o racismo, sigo sendo xingada nas redes, mesmo que de forma indireta”, disse.
Para o sociólogo especialista em relações raciais Wescrey Portes, os ataques refletem a sociedade, e o espaço político não está acostumado com a presença das minorias.
“Quando chegam mulheres com as bandeiras da sexualidade e do combate ao racismo, mexe com o lugar de domínio dos homens brancos que reagem de forma agressiva a esses corpos. É uma forma de deter poder e defender o status quo. Há um estranhamento da instituição como um todo e elas não são vistas como iguais aos seus colegas”, explica.