Sábado, 14 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 27 de dezembro de 2021
O ano de 2021 celebra o centenário do descobrimento da insulina, o medicamento que desde então vem salvando milhões de vidas. Para ter uma ideia da importância dessa conquista, os números falam por si só: de acordo com dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), mais de 460 milhões de adultos no mundo, com idade entre 20 e 79 anos, viviam com a doença em 2019, com previsão de aumento para 700 milhões até 2045.1 Entre as crianças e adolescentes, o número passava de 1 milhão.
“O diabetes é uma doença crônica com prevalência muito alta no Brasil”, diz a endocrinologista Erika Miyamoto Fortes, gerente médica da empresa de saúde Novo Nordisk. A estimativa é de que a condição, por aqui, atinja mais de 17 milhões de brasileiros . “Ela é caracterizada pela redução dos níveis de insulina ou uma resistência à ação desse hormônio, o que acaba promovendo um excesso de glicose no sangue”, sintetiza a médica. Isso porque a insulina, produzida no pâncreas, funciona como uma espécie de chave que libera a entrada da glicose nas células, gerando a energia necessária para o funcionamento do organismo.
Tanto no diabetes tipo 1, mais comum em crianças e adolescentes, quanto no tipo 2, mais frequente em adultos (veja no quadro), há elevação dos níveis de glicose, que cronicamente podem desencadear uma série de complicações. “Infarto e acidente vascular cerebral, o AVC, por exemplo, são uma das principais causas de morte em pessoas com diabetes”, alerta Erika Fortes. “São temidos também os problemas renais, além de perda de visão e amputações.”
Para alertar sobre a importância da busca por diagnóstico, assim como de prevenção e tratamento da doença, a IDF e a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituíram o Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro. “No caso do diabetes tipo 1, é importante ficar atento a sintomas como aumento de sede e vontade de urinar. Outro sinal é o emagrecimento, embora a pessoa coma bastante”, descreve a endocrinologista.
Foram justamente as idas constantes ao banheiro para fazer xixi e os goles incessantes de água que levaram a catarinense Flavia Mosimann a desconfiar, depois de pesquisar por conta própria, que seu filho Christian, hoje com 11 anos, tivesse a doença. “O diagnóstico se confirmou quando ele estava prestes a completar 6 anos”, ela conta. “Optamos por avaliá-lo em São Paulo, onde ele precisou ficar internado por uma semana. Foi um baque, mas felizmente tivemos acesso a orientações com médicos, nutricionistas e psicólogos, o que nos ajudou a entender que, com tratamento adequado, ele teria uma vida normal”, relembra. “Ele é piloto de kart, desde os 7 anos pilota a 90 km por hora um carro de corrida.”
Novas tecnologias, mais qualidade de vida
“O diabetes tem várias faces”, pondera Erika Fortes. Alguns controlam só com dieta e atividade física, outros com comprimidos. Há aqueles que precisam associar medicamentos ou aplicar doses diárias de insulina.
Hoje, aparelhos que medem a glicose sem precisar furar o dedo, novos medicamentos e novas formas de aplicar a insulina, os avanços da medicina trazem cada vez mais qualidade de vida aos diagnosticados com a doença.
É o caso da Caneta da Saúde – disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), ela veio facilitar a rotina das pessoas com diabetes. “Quem decide sobre o uso da insulina e faz a prescrição exigida pelo SUS é o médico que acompanha o caso”, explica Erika Fortes. No SUS, a caneta é ofertada preferencialmente a crianças e adolescentes com idade menor ou igual a 19 anos e a adultos com idade maior ou igual a 50 anos. Ela vem pré-preenchida, trazendo mais simplicidade à aplicação da insulina. Ao terminar o conteúdo, é só descartar em coletores fornecidos pelas Unidades Básicas de Saúde.
Além da comodidade, uma vez que dispensa seringa, frasco e isopor para transportar, a precisão nas doses é uma das principais vantagens do novo dispositivo. “Estudos que compararam o uso da caneta e da seringa mostram que, mesmo entre profissionais de saúde treinados, a certeza de que a dose precisa será administrada é maior com a caneta”, justifica a endocrinologista. “Ela é fundamental para a criança, dá autonomia para ela mesma aplicar. Traz leveza para o dia a dia. Meu filho aprendeu a usar ainda no hospital e nunca reclamou de dor ao aplicar”, atesta Flavia Mosimann.
Também para os mais idosos, o visor que mostra claramente as unidades de insulina evita erros que podem levar à hipoglicemia – quando a quantidade do hormônio injetado é maior do que a necessária, derrubando de forma abrupta os níveis de glicose e levando a quadros como suor frio, tremores e até desmaios. “A precisão da dosagem contribui para diminuir as idas ao hospital e as internações associadas a esses episódios, além de melhorar o controle glicêmico como um todo”, conclui Erika Fortes.
Os dois tipos da doença
O diabetes tipo 1 tem origem autoimune, ou seja, as próprias células de defesa atacam o pâncreas, que deixa de produzir a insulina. Ele costuma surgir na infância e adolescência, e seu tratamento é necessariamente feito com insulina. Já no diabetes tipo 2 esse hormônio é produzido, mas não atua adequadamente.