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Mundo Direita populista radical sofre baque com fracasso de Donald Trump, mas está longe de sucumbir

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Figuras como Bolsonaro, Salvini e Orbán torceram abertamente pela reeleição do republicano e viram suas expectativas se frustrarem. (Foto: Official White House Photo/Tia Dufour)

Para muitos militantes e líderes da direita radical internacional, a ocupação do cargo mais poderoso do mundo por uma figura de retórica xenofóbica, que desvaloriza normas e instituições até então intocáveis, despreza o discurso politicamente correto e não preserva o mínimo respeito por opositores, significou uma consagração. Não surpreende, assim, que, antes das eleições americanas, o premier da Hungria, Viktor Orbán, tenha afirmado que uma vitória de Donald Trump era o seu “Plano A”. Na Itália, Matteo Salvini, líder da direitista Liga, usou uma máscara contra a Covid endossando Trump, e espalha teorias da conspiração de que a eleição pode ter sido fraudada. No Brasil, Jair Bolsonaro nunca escondeu o seu apreço e torcida pelo republicano, e agora se isola internacionalmente ao não reconhecer o triunfo de Joe Biden.

O fracasso eleitoral de Trump não repercute da mesma maneira sobre todas estas e outras figuras. A direita populista se retroalimenta, se imita e se inspira transnacionalmente, mas particularidades em cada país, como o enraizamento das forças conservadoras, intensificam ou atenuam as consequências das mudanças em Washington.

As fraturas econômicas, sociais e políticas que possibilitaram a ascensão de Trump e de seus aliados não deixaram de existir dentro ou fora dos Estados Unidos, nem há indícios de que isso esteja prestes a acontecer. Embora o Partido Democrata tenha baseado sua campanha em um discurso de união, grande parte da base de Trump, que recebeu mais de 70 milhões de votos, se mantém mobilizada por meio de falsas acusações de fraude eleitoral, em uma inédita campanha de descrédito da legitimidade do pleito. As mídias sociais oferecem terreno fértil a este tipo de facciosismo. Se os parceiros ideológicos de Trump sofreram um golpe, é certo que o extremismo de direita não sucumbirá tão cedo.

“Atores populistas aprendem com as experiências e tendem a revisar estratégias em função de derrotas. Do mesmo jeito que a eleição de Trump representou um troféu para a direita populista, pode-se esperar que ela se adapte à nova conjuntura”, afirmou Aline Burni, pesquisadora brasileira no Instituto de Desenvolvimento Alemão (DIE), em Berlim. “As forças populistas são diferentes ao redor do mundo. O impacto é maior no caso da direita radical na América Latina, sobretudo para Bolsonaro. Na Europa, estas forças já existiam há mais tempo e estão mais consolidadas”.

Bolsonaro olha para a base

Burni afirmou que a reação de Bolsonaro está condicionada à reação de seu próprio eleitorado aos eventos externos. Embora haja quem considere que o presidente possa vir a tomar atitudes pragmáticas, com o enfraquecimento da ala representada pelo chanceler Ernesto Araújo e o assessor internacional Filipe Martins, a pesquisadora disse “ter dúvidas” dessa hipótese, porque o presidente brasileiro “sempre desconfia muito de quem não é próximo dele ideologicamente”. Como resultado, depois de se afastar de China e União Europeia, o Brasil pode se ver distante dos EUA.

Um indício disso é que, até agora, o núcleo mais duro da base de Bolsonaro copia o trumpismo — assim como o fez durante a campanha, quando Martins, oráculo do presidente para assuntos internacionais, negou as pesquisas e afirmou o favoritismo de Trump até dias depois da votação. Em redes sociais, milhares de contas brasileiras agora disseminam as acusações infundadas de fraude, sustentando a cada vez mais irreal hipótese de uma virada nos tribunais. David Magalhães, professor de Relações Internacionais da FAAP e cofundador do Observatório da Extrema Direita Brasil, observa que não há novidade neste comportamento, porque a “direita brasileira, desde o pós-Segunda Guerra, vem se inspirando na direita americana”.

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