Domingo, 06 de outubro de 2024
Por Redação O Sul | 6 de setembro de 2024
Aproximadamente 10 mil pessoas em todo o mundo sofrem uma parada cardiorrespiratória (PCR) diariamente. Apenas 5 a 15% sobrevivem. Mas já reconhecemos que o atendimento sistematizado com pessoas capacitadas pode salvar muito mais vidas. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, estima-se que cerca de 200 mil pessoas sofram paradas cardíacas por ano no Brasil. A taxa de sobrevivência fora do ambiente hospitalar é extremamente baixa, variando entre 2% e 7%.
Na PCR, o coração deixa de bombear sangue de forma eficaz, levando à interrupção do fluxo sanguíneo para os órgãos vitais, como o cérebro. As causas deparada cardíaca podem ser variadas e são geralmente classificadas em duas categorias principais: causas cardíacas (as mais comuns) e causas não cardíacas. O infarto agudo do miocárdio é a principal causa de parada cardíaca, onde o bloqueio de uma artéria coronária interrompe o fluxo sanguíneo para uma parte do coração. A PCR também pode ocorrer por arritmias cardíacas, por doenças do músculo cardíaco e por doenças do pericárdio. Dentre as causas não-cardíacas, destacam-se o derrame cerebral, a embolia de pulmão e a hipoxemia (queda da oxigenação).
Estudos mostram que as chances de sobrevivência de uma PCR aumentam significativamente se a reanimação cardiopulmonar (RCP) for iniciada nos primeiros minutos após a parada. Cada minuto de atraso na aplicação da RCP pode reduzir a chance de sobrevivência em 7% a 10%. Portanto, capacitara população para agir imediatamente pode fazer a diferença entre a vida e a morte. Países que adotaram treinamentos massivos em RCP, como a Noruega e o Japão, observaram um aumento considerável na taxa de sobrevivência após paradas cardíacas fora do hospital. Nos Estados Unidos, estados como Nova York e Texas exigem que estudantes do ensino médio passem por treinamento em RCP como requisito para a formatura. Esses programas são exemplos de como a educação em saúde pode ser integrada ao currículo escolar, preparando jovens para agir nas emergências.
Sob a coordenação nacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o Kids Save Lives Brasil, um programa endossado pela Organização Mundial da Saúde que reúne professores, alunos e ex-alunos da USP em parceria com outras universidades, já realizou em cinco anos mais de15.000 treinamentos em crianças, adolescentes e adultos de comunidades escolares do Estado de São Paulo. Programas escolares e comunitários como estes são eficazes em aumentar a conscientização e preparar os cidadãos para agir em emergências, o que pode ser replicado em todo o país com o treinamento em massa.
Quando uma pessoa leiga presencia alguém sofrendo uma parada cardíaca, é essencial que ela siga os seguintes passos:
– 1. Chame por ajuda imediatamente: Ligue para o serviço de emergência(192) ou peça para alguém próximo ligar enquanto você presta assistência.
– 2. Verifique a responsividade: Tente chamar a pessoa e veja se ela responde. Se estiver inconsciente e não respirar normalmente, inicie as manobras de ressuscitação.
– 3. Inicie a RCP (Reanimação Cardiopulmonar): Compressões torácicas: Coloque as mãos uma sobre a outra no centro do peito da pessoa e pressione firmemente, cerca de 5 a 6cm de profundidade, a uma velocidade de 100 a 120 compressões por minuto. Deixe o peito voltar à posição normal entre as compressões. Respiração boca a boca (se treinado): Se souber como, intercale30 compressões com 2 ventilações boca a boca. Caso não esteja treinado ou não se sinta seguro, continue apenas com as compressões.
– 4. Use um desfibrilador externo automático (DEA) se disponível: Siga as instruções do aparelho. O DEA guiará você por meio de comandos de voz.
– 5. Continue a RCP até a chegada do socorro: Mantenha as compressões e a assistência até que a equipe médica chegue e assuma o controle ou até que a pessoa recupere a consciência. Ensinar RCP para todos os brasileiros, independentemente da classe social ou localização geográfica, promove a inclusão social e empodera as pessoas para cuidar umas das outras em suas comunidades. Além disso, pode reduzir as desigualdades no acesso a cuidados emergenciais, especialmente em áreas remotas onde a chegada de serviços médicos pode ser demorada. As informações são do jornal O Globo.