Quarta-feira, 20 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 19 de agosto de 2025
Chamada de União Progressista, a aliança será a maior força partidária do País.
Foto: Andressa Anholete/Agência SenadoO PP e o União Brasil reforçarão as críticas ao governo Lula a partir da aliança selada nesta terça-feira (19) para a disputa das próximas eleições. Apesar da criação de uma federação partidária entre as legendas, de novo, será evitada a entrega dos ministérios e cargos na gestão petista.
Chamada de União Progressista, a aliança será a maior força partidária do País. A federação terá a maior bancada de deputados na Câmara, o maior número de prefeitos e as maiores fatias de recursos públicos para campanhas e despesas partidárias.
Os dois partidos ameaçam há meses romper com o presidente Lula. Seus presidentes, Ciro Nogueira (PP) e Antonio Rueda (União), fazem frequentemente críticas ao governo e estão alinhados à candidatura presidencial da direita. No entanto, alas mais próximas ao governo pressionam contra o desembarque, com o argumento de que é melhor esperar até abril.
O interesse é não abrir mão dos quatro ministérios (Comunicações, Desenvolvimento Regional, Esporte e Turismo), da Caixa Econômica Federal e da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco), estatal turbinada por emendas parlamentares e com alto potencial para executar ações nas bases eleitorais dos deputados e senadores.
Dois políticos do União Brasil dizem que a disposição de Rueda, há meses, é romper com o governo, mas ele enfrenta dificuldades de convencer o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), a entregar todos os seus cargos no governo e estatais. Integrantes do PP também resistem a um desembarque completo, que os colocaria na oposição.
A tese defendida é, em breve, vetar a participação de filiados. Isso atingiria os ministros do Esporte, André Fufuca (PP), e do Turismo, Celso Sabino (União), e preservaria os indicados por Alcolumbre. Parlamentares têm alertado, contudo, que isso poderia desmoralizar a posição da cúpula e enfraqueceria o discurso eleitoral de afastamento do PT.
As críticas têm incomodado Lula, que em julho convocou os três ministros do União Brasil para cobrar mais apoio e explicações sobre as falas do presidente do partido. O governo, contudo, evita a demissão porque pretende contar com apoio de alas de cada sigla nos estados, mesmo que admita ser quase impossível o apoio dessas duas legendas no nível federal.
A federação União Progressista atuará junta por duas eleições, 2026 e 2028, o que fará com que os dois partidos tenham que compor a mesma chapa em todos os estados. Por outro lado, os votos para a Câmara dos Deputados e assembleias legislativas serão somados, o que aumenta as chances de que façam bancadas maiores no Legislativo.
O grupo será, atualmente, o mais forte do Congresso. Terá a maior bancada da Câmara, com 109 deputados federais, e do Senado, com 14 senadores (empatado com PSD e PL), mas há expectativa de mudanças antes das eleições. A União Progressista terá a maior parcela dos fundos partidário e eleitoral e o maior tempo de propaganda eleitoral na TV e no rádio.
A decisão sobre quem comandará a federação no estado só ocorrerá em abril do próximo ano, com base numa avaliação da direção nacional sobre quem estará mais forte entre os candidatos.
Essa foi a promessa feita também ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), pré-candidato à Presidência da República. Rueda e Nogueira prometeram apoio à candidatura, mas desde que ele pontue mais de 10% nas pesquisas de intenção de voto no próximo ano. Do contrário, as duas siglas pretendem apoiar outro nome.
O principal interesse de Nogueira é concorrer como vice numa chapa encabeçada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Por isso, ele abriu mão de comandar a federação e ficará como vice, com a presidência sendo ocupada por Rueda.