Sábado, 21 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 6 de outubro de 2020
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aparentou ter dificuldades para respirar ao chegar à Casa Branca após ter alta do Centro Médico Nacional Walter Reed, em Bethesda, Maryland, na noite de segunda-feira (5). Imagens do episódio endossaram as críticas ao comportamento do presidente que, mesmo com uma infecção ativa e ainda não completamente recuperado, tirou a máscara ao chegar na sede do governo americano.
O vídeo, que viralizou no Twitter, foi capturado logo após o helicóptero presidencial pousar no Jardim Sul da Casa Branca. Ao invés de ingressar no prédio pelo térreo, Trump optou por uma oportunidade fotográfica. Ele subiu um lance de escadas, tirou a máscara e acenou para os repórteres e câmeras que estavam ao vivo nos três maiores canais da televisão aberta americana, além dos canais de notícia. Foi neste momento que aparentou ter dificuldades para respirar.
Em uma entrevista para o canal BBC, a médica Zoe Norris analisou as imagens do presidente, que não voltou a pôr a máscara antes de ingressar na Casa Branca:
“Ele claramente aparenta ter problemas com a respiração. Esse não é um homem que está melhor”, afirmou a médica.”Quando uma pessoa tem dificuldades para respirar, ela usa os músculos extras ao redor da caixa torácica, do pescoço, nas costas (…). Em um momento, ele abre a boca para tentar manter os pulmões um pouco mais inflados que o normal. [A dificuldade] é evidente, sob o ponto de vista médico.”
Em seu Twitter, o médico Ilan Schwartz, professor de doenças infecciosas na Universidade de Alberta, no Canadá, fez uma avaliação parecida:
“Esse é um exemplo clássico de respiração com dificuldade. Além de usar os músculos respiratórios normais (o diafragma e os músculos entre as costelas que expandem a cavidade torácica), ‘músculos acessórios’ em seu pescoço estão trabalhando para ajudá-lo a respirar”, afirmou.
Pouco antes de sair do hospital, Trump havia postado em seu Twitter que se sentia “muito bem”, apesar de sua equipe médica afirmar que o presidente ainda não está 100% recuperado. Segundo fontes da Casa Branca ouvidas pela imprensa americana, o mandatário estava entediado e ansioso para sair do hospital e retomar a campanha, mesmo frente a recomendações de que permanecesse internado mais alguns dias.
Em um vídeo compartilhado cerca de duas horas após chegar à Casa Branca, ele se apresentou como alguém que derrotou o vírus e voltou a minimizar a gravidade da pandemia, que já deixou mais de 210 mil mortos apenas nos EUA. Concorrente de Trump nas eleições do próximo dia 3, Joe Biden disse não estar surpreso que o presidente tenha contraído o vírus, demonstrando incredulidade com a insistência de seu adversário em não usar máscaras:
“O que é essa coisa de macho ‘eu não vou usar máscara’?”, questionou o democrata durante um evento em Miami, na Flórida, ressaltando que a “ciência importa”. “Qual é o problema aqui? Grande coisa! Te machuca? Seja patriótico, pelo amor de Deus.”
A ex-primeira-dama Michelle Obama também se posicionou sobre a maneira com que Trump lidou com o seu diagnóstico. Ela divulgou um vídeo, nesta terça-feira (6), em que descreve Trump como “um homem que sabia que o vírus era mortal, mas que mentiu e disse que ele simplesmente desapareceria” e como alguém que “na maior crise das nossas vidas, aumentou as divisões e os ressentimentos”, além de ter resistido às “medidas que poderiam ter mitigado os danos” causados pelo coronavírus.
Michelle divulgou a gravação no Twitter, dizendo que pensou decidiu fazê-lo por causa da forma com que o presidente lidou com sua própria doença, que “apenas enfatizou o que está em jogo nesta eleição.”
A equipe médica do presidente e a Casa Branca vêm dando uma série de declarações contraditórias sobre o estado de saúde de Trump, mas sabe-se que ele tomou doses adicionais de oxigênio ao menos duas vezes, na sexta-feira (2) e no sábado (3). Seu tratamento, além disso, inclui uma série de remédios experimentais, além de medicamentos recomendados apenas para pacientes com infecções agudas.