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Mundo Escândalos fizeram o ex-rei da Espanha deixar o país que reinou por quase 40 anos

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Felipe VI (E) tenta se distanciar dos escândalos que envolvem seu pai (D). (Foto: Reprodução)

Ele passou os primeiros dez anos da sua vida longe da Espanha e tudo indica que passará os últimos também, depois de reinar o país por quase 40 anos.

A trajetória de Juan Carlos I, rei da Espanha de 1975 a 2014, teve uma nova reviravolta na segunda-feira (3) após a divulgação de uma carta escrita por ele a seu filho, o rei Felipe VI, em que comunica sua “decisão pensada” de abandonar o país.

“Faz um ano que expressei minha vontade e desejo de deixar de desenvolver atividades institucionais. Agora, guiado pelo convencimento de prestar o melhor serviço aos espanhóis, a suas instituições e a ti como rei, te comunico minha pensada decisão de me mudar neste momento para fora da Espanha”, escreve ele na carta.

“Fui rei da Espanha durante quase 40 anos e durante todos eles eu sempre quis o melhor para a Espanha e para a Coroa.”

Não há informações ainda sobre o destino final do rei emérito nem sobre o momento de sua partida. Alguns veículos de imprensa da Espanha afirmam que o ex-chefe de Estado já não se encontra mais no país.

Mas o que levou ele a tomar essa decisão?

‘Certos acontecimentos’

Na carta que foi divulgada pelo Palácio da Zarzuela, sede da monarquia espanhola em Madri, Juan Carlos I, que abdicou em junho de 2014 e tem 82 anos, aponta a razão principal para a tomada da decisão.

“Com o mesmo afã de serviço a Espanha que inspirou meu reinado e diante da repercussão pública que estão gerando certos acontecimentos da minha vida privada, desejo manifestar a ti minha mais absoluta disponibilidade para contribuir e facilitar o exercício de tuas funções, desde a tranquilidade e sossego que requer tua alta responsabilidade”, escreveu ele a seu filho.

Apesar de não dar detalhes, acredita-se que os “acontecimentos” mencionados na carta se referem provavelmente a uma investigação de autoridades fiscais da Suíça e da Espanha sobre suas contas no exterior, em um suposto caso de fraude fiscal e lavagem de dinheiro.

A peça-chave da investigação é a construção de uma linha de trem de alta velocidade que une duas das cidades mais importantes no mundo muçulmano — Medina e Meca — na Arábia Saudita.

O AVE (nome dado na Espanha aos trens de alta velocidade) para Meca, que cobre 450 quilômetros no deserto, foi inaugurado em outubro de 2018. Autoridades investigam o papel de Juan Carlos I na licitação, em 2011, de um milionário contrato para um consórcio formado na sua maioria por empresas espanholas para a realização das obras.

Os trabalhos de construção começaram em 2012, mas as conversas e disputas sobre quem ganharia o contrato ocorreram nos anos anteriores.

Os estreitos laços do rei com a família real saudita o levaram a atuar como intermediário em favor dos interesses comerciais espanhóis na região.

O valor deste contrato passou de US$ 7,8 bilhões (mais de R$ 41 bilhões) e tanto a justiça espanhola como a da Suíça suspeitam que durante as negociações foram pagas comissões ilegais.

As autoridades investigam uma transferência suspeita de US$ 100 milhões (cerca de R$ 530 milhões) realizada pelo regime saudita em favor de Juan Carlos I em 2008, quando ele ainda era rei da Espanha.

O dinheiro ingressou em um banco suíço e as autoridades fiscais do país suspeitam que se tratou de uma comissão para compensar o agora rei emérito por haver conseguido fazer, supostamente, que o consórcio espanhol apresentasse uma oferta com custo mais reduzido.

Suíça e Espanha

O caso veio à tona em 2018, quando veio à tona uma gravação realizada três anos antes com uma mulher que diz ter sido amante de Juan Carlos I, Corinna zu Sayn-Wittgenstein (também conhecida pelo seu sobrenome de solteira, Larsen). Ela é uma empresária de 55 anos nascida na Alemanha e com nacionalidade dinamarquesa.

Na gravação, ela deixa a entender que Juan Carlos I havia solicitado uma comissão para interceder no contrato ferroviário com os sauditas e que ele havia escondido o dinheiro no exterior.

Uma primeira investigação sobre essas revelações foi abandonada pela falta de provas mais contundentes.

O papel de Felipe VI

A decisão do rei emérito de deixar a Espanha muito provavelmente foi feita em acordo com o rei Felipe VI, que deve acolhê-la com satisfação.

Após as novas revelações na Suíça, Felipe VI anunciou, no dia 15 de março, que estava retirando de Juan Carlos I a aposentadoria que ele recebe do Estado — cerca de US$ 235 mil por ano (ou R$ 1,2 milhão).

Ele também disse que, quando chegar o momento certo, pretende renunciar à herança de seu pai.

Essas reações mostraram mais uma vez a determinação de Felipe VI de se distanciar dos escândalos de seu predecessor e do resto de sua família. Ele já havia retirado o título de duquesa de Palma da sua irmã, Cristina, quando esta se viu envolvida em um escândalo de corrupção que levou seu marido à prisão.

O rei também renunciou ao direito de ser beneficiário de uma fundação offshore no Panamá, a Lucum, para o qual havia sido indicado por seu pai.

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