Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 30 de junho de 2022
As ações brasileiras perderam tanto valor que, para fundos e grandes investidores que tentam concretizar fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês), está mais barato fazer negócio na bolsa do que no mercado privado, segundo o banco norte-americano Goldman Sachs. Na B3, há papéis que perderam 90% do valor em 12 meses – e os compradores estão atentos às oportunidades.
Caso recente foi a aquisição de um bloco de ações da Locaweb pela gestora de private equity norte-americana General Atlantic, que costuma fazer compras de participação em empresas fora da bolsa. Já o fundo Actis vai adquirir perto de 6% da Omega Energia em uma operação de R$ 400 milhões na B3, em leilão nesta quinta-feira (30).
Segundo Juliano Arruda, diretor de renda variável para a América Latina do Goldman Sachs, há oportunidades na Bolsa com proposta de valor muito boa, “do ponto de vista de retorno, mas não é óbvio quando isso vai se cristalizar”. O banco prevê que o Ibovespa retome os 118 mil pontos até meados de 2023.
O retorno a esse patamar dependerá, na opinião de Arruda, do ambiente econômico interno e externo, ainda marcado por elevada incerteza sobre inflação e temor de recessão na economia mundial, e de maior clareza sobre quem vencerá as eleições presidenciais.
A pergunta de US$ 1 milhão hoje no mundo, diz ele, é quando a inflação americana vai atingir seu pico. Só assim será possível ter mais clareza sobre a alta de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e começará a haver certo alívio em relação ao temor de recessão.
Para o Goldman, esse pico pode vir até o fim do ano e, com o Fed determinado neste momento a elevar os juros, todo o ciclo de aperto monetário na maior economia do mundo deve ficar concentrado em 2022. Segundo Arruda, embora o Banco Central brasileiro tenha se adiantado para frear a inflação no País, movimentos fora do esperado pelo Fed podem mudar a percepção do juro também por aqui.
A recessão é o grande tema hoje e o Goldman calcula em 30% de probabilidade de isso ocorrer nos próximos 12 meses e em 50%, em 24 meses. Esse ambiente potencialmente recessivo, diz ele, não é muito favorável para ativos de risco. Prova disso é que R$ 108 bilhões saíram dos fundos de ações e multimercados este ano, segundo a Anbima. Nesse ambiente, emitir ações não parece ser a melhor estratégia.