Domingo, 27 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 9 de março de 2024
Os Estados Unidos enviaram dezenas de armas para Israel, incluindo bombas e munições de precisão, desde os ataques do Hamas em 7 de outubro, usando procedimentos que, em grande parte, mascaram a extensão do apoio militar do governo de Joe Biden ao seu principal aliado no Oriente Médio.
O governo organizou mais de 100 transferências individuais de armas para Israel, mas notificou, oficialmente, o Congresso apenas sobre dois envios feitos no âmbito do processo normal de vendas de armas estrangeiras, que é enviado aos legisladores para revisão e, em seguida, divulgado, disseram autoridades dos EUA. Em ambos os casos, o governo usou uma regra de emergência que evita o processo de revisão.
As transferências teriam sido aprovadas por meio de mecanismos menos públicos disponíveis à Casa Branca, como a retirada de armas dos estoques do país, bem como para acelerar a entrega de armas previamente aprovadas ou equipamentos em lotes menores que ficam abaixo do limite financeiro que exige que o Congresso seja notificado, segundo atuais e ex-funcionários do governo americano.
Funcionários da Casa Branca e parlamentares disseram que a divulgação restrita aponta para uma questão mais ampla, em que a administração Biden buscou evitar o envolvimento do Congresso na contagem de armas. Alguns democratas querem que Biden use o apoio militar dos EUA para pressionar o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a reduzir as mortes de civis e aumentar a ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
“Embora o Departamento de Estado não tenha obrigação legal de notificar transferências de armas abaixo do limite de valor, usar esse processo para contornar repetidamente o Congresso – como as vendas dessa quantidade sugerem – violaria o espírito da lei e minaria o importante papel de supervisão do Congresso”, disse o senador Chris Van Hollen, membro do Comitê de Relações Exteriores, ao “The Wall Street Journal”.
Bilhões
A parceria militar dos EUA com Israel, que recebe mais de US$ 3 bilhões em ajuda militar anualmente de Washington, permitiu um aumento imediato no envio de armas após os ataques de 7 de outubro. Atualmente, há 600 operações ativas de transferência ou venda potencial de armamento no valor de mais de US$ 23 bilhões entre os dois países, segundo autoridades do Departamento de Estado americano.
“Seguimos os procedimentos especificados pelo próprio Congresso para manter os membros bem informados, mesmo quando a notificação formal não é um requisito legal”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em comunicado. Ele acrescentou que “as alegações de que dividimos as transferências para ficarem abaixo dos limites estabelecidos ou que falhamos em envolver adequadamente os parceiros no Congresso são falsas”.
Enquanto isso, críticos das ações afirmam que a decisão de fornecer as armas em cerca de 100 transferências reflete o desejo do governo de manter o alcance de seu apoio militar a Israel fora da vista pública o máximo possível.
“Essa questão não é transparente de propósito”, disse Josh Paul, ex-funcionário do Departamento de Estado responsável pelas relações com o Congresso, que renunciou em outubro em protesto contra a política do governo Biden durante a guerra na Faixa de Gaza.
O manuseio dos envios de armas para Israel contrasta com a abordagem do governo americano em relação ao apoio à Ucrânia na sua guerra contra a invasão russa, na qual o Departamento de Defesa publica regularmente listas de armas que envia para Kiev.