Terça-feira, 08 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 21 de novembro de 2018
Preso na segunda-feira (19) por violações financeiras, o brasileiro Carlos Ghosn estaria planejando uma fusão entre Renault e Nissan antes de ser detido no Japão, mas o conselho da montadora japonesa era contra, diz o jornal “Financial Times”. Os rumores de uma possível fusão das montadoras que, atualmente, são apenas aliadas, não são novidade. Em março último, as agências Bloomberg e Reuters noticiaram que as negociações existiam, com base em fontes.
Atualmente, a Renault detém 43,4% da Nissan, que por sua vez possui 15% da Renault. Há quase 20 anos as montadoras compartilham tecnologia, partes da produção e mesmo partes de carros.
Segundo o “Financial Times”, Ghosn planejava uma aliança “irreversível” que aconteceria já nos próximos meses, caso fosse oficializada. Fontes ligadas à Nissan, contudo, relataram ao jornal que o conselho da fabricante buscava maneiras de parar as negociações.
Pessoas próximas ao executivo e ao presidente da Nissan, Hiroto Saikawa, disseram que as tensões entre eles se acentuaram nos últimos tempos com o desejo de fusão de Ghosn. O executivo brasileiro, que é presidente-executivo da Renault e presidente do conselho das duas montadoras e da aliança, que inclui a Mitsubishi, foi preso sob a acusação de sonegação e uso indevido de bens da Nissan.
Interino
O conselho administrativo da Renault nomeou na terça-feira como “chefe” interino o número dois da empresa, Thierry Bolloré, mas não tirou de Carlos Ghosn o cargo de presidente-executivo e presidente do conselho da empresa. Mais cedo, o governo francês, que detém 15% das ações da Renault, tinha pedido à montadora que nomeasse uma governança interina, mas não exigia a retirada de Ghosn do conselho da empresa, porque ainda não há condenação formal ou provas.
O conselho da Nissan, que já indicou que demitirá Ghosn, se reúne nesta quinta (22). O executivo é o atual presidente do conselho da fabricante japonesa.
Bolloré, de 55 anos, que o próprio Ghosn escolheu como braço direito em fevereiro passado, recebeu a direção executiva “provisória” da Renault e, portanto, terá “os mesmos poderes” que o presidente, que mantém o seu cargo, considerado “temporariamente impedido”, disse a empresa em um comunicado.
O conselho indicou que se reunirá regularmente sob a presidência do diretor principal, Philippe Lagayette, “para preservar os interesses da Renault e garantir a sustentabilidade da aliança” com os fabricantes japoneses Nissan e Mitsubishi, a terceira de aliança. França e Japão tinham reafirmado, na terça, seu forte apoio às 3 montadoras cujas ações caíram após as notícias da prisão.
Ghosn, de 64 anos, está preso em um centro de detenção de Tóquio, após ser detido na segunda-feira quando saía de seu jatinho particular.