Sábado, 12 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 26 de agosto de 2020
Advogado que defendeu a família Bolsonaro entre o fim de 2018 e junho deste ano, Frederick Wassef falou sobre os principais pontos do relatório do Coaf, enviado ao Ministério Público, revelados pelo jornal O Globo: o pagamento ao médico que atendeu Fabrício Queiroz (ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) no Hospital Albert Eintein, em São Paulo, e os depósitos milionários em sua conta vindos da empresa comandada por sua ex-mulher, Maria Cristina Boner, e da filha dela, Bruna. A Globalweb tem contratos com o governo federal. Sobre os R$ 2,3 milhões recebidos de Bruna Boner, o advogado diz que se tratava da devolução de um empréstimo e da ajuda na compra de um imóvel. Wassef se diz vítima de “maldade” por parte do Coaf e do Ministério Público. Leia abaixo alguns trechos da entrevista que ele deu ao jornal O Globo na terça-feira (25).
– O pagamento de R$ 10,2 mil para o médico Wladimir Alfer, que atendeu Fabrício Queiroz, ocorreu em que data e por qual razão? “Fui operado, internado no Hospital Albert Einstein Morumbi. Fui submetido a uma anestesia geral e fiquei lá por mais de quatro dias. O médico que cuidou deste procedimento foi o doutor Wladimir Alfer. Fui submetido a uma biópsia da minha bexiga. Sou um paciente que teve câncer, passei os últimos dez anos da minha vida entrando e saindo de hospital com quatro doenças gravíssimas e raríssimas. Então, em acompanhamento médico, apareceu na minha tomografia computadorizada de abdômen algo que parecia ser um tumor na minha bexiga. Em função deste exame de tomografia, o doutor Wladimir solicitou que eu fosse internado e submetido a essa cirurgia. Foi no finzinho de agosto ou na primeira semana de setembro o meu procedimento médico. E eu só vim a pagar a doutor Wladimir 30 ou 40 dias depois do procedimento, que é esse pagamento aí. A data precisa eu não tenho de cabeça agora.”
– Questionado sobre a capa da revista Veja, divulgada no dia 30 de agosto de 2019, com imagens de Queiroz no Einstein, Wassef respondeu: “Não tem nada a ver. Uma coisa não tem absolutamente nada que ver com a outra. Não tenho ideia. Eu nunca vi ou encontrei Queiroz no Einstein ou lugar algum em São Paulo”.
– Ainda questionado sobre as imagens, que são do mesmo período, o advogado afirmou: “Eu já tinha saído do hospital. Tinha tido alta, tinha passado muito tempo e eu vi essa revista Veja nas bancas e eu estava longe do hospital muito tempo. Então, deve ter sido (a biópsia) no começo de agosto ou fim de julho, não lembro. Vou procurar”.
– O senhor indicou o médico Wladimir Alfer para Queiroz? “Vamos lá. Separe Fabrício Queiroz de Frederick Wassef. São pautas distintas. Sobre Queiroz, eu permiti o uso de minhas propriedades pelos motivos que eu já falei e gostaria de dizer mais o seguinte: o Einstein tem dois, três renomados urologistas. Eles atendem dezenas de mil pacientes. Uma coisa não tem nada que ver com a outra. Nós estamos falando agora de um pagamento e eu não quero derivar para a pauta de Queiroz porque a pauta é a matéria que vocês fizeram e quero focar nisso.”
– A pergunta é: o senhor indicou o médico para o Queiroz? “Não tenho nada que ver com Fabrício Queiroz em dezembro de 2018. Separe as pautas que eu não tenho nada que ver com essa história. Está claro isso? Nós estamos falando do pagamento. Jamais paguei qualquer coisa a Fabrício Queiroz ou qualquer membro de sua família.”
Nesta quarta-feira (26), Wassef enviou uma nota ao jornal: “Eu, Frederick Wassef, nunca disse em minha entrevista ao Jornal o Globo que estive no hospital Albert Einstein quando Queiroz foi flagrado lá. O título desta matéria não é verdadeiro e não saiu de minha boca. Queiroz foi flagrado lá e fotografado em 26 de agosto de 2019, segundo a revista VEJA, e eu entrei naquele hospital para cirurgia e internação em 11 de setembro de 2019. Segue o laudo de minha biópsia para comprovação do que digo. Os criminosos que estão vazando meu sigilo financeiro e sabem que paguei por este procedimento mais de um mês após a minha internação e de propósito omitiram da imprensa a data em que eu paguei o médico para enganar o Brasil e demais autoridades públicas para fazer parecer que eu paguei a conta do Queiroz. Estão armando várias fraudes para tentar me atingir e destruir minha imagem e reputação”.
Frederick Wassef concedeu entrevista ao Globo na noite de terça-feira, na qual, afirmou que o pagamento ao médico Wladimir Alfer era relativo a um tratamento a que ele se submeteu. Na entrevista disse: “foi no finzinho de agosto ou na primeira semana de setembro o meu procedimento médico”. Apenas horas após a publicação da entrevista, ele alegou pela primeira vez que o procedimento ocorreu no dia 11 de setembro de 2019. As informações são do jornal O Globo.