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Mundo Fuga de princesa põe Jordânia em posição delicada

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A princesa Haya deixa o fórum de Londres após nova audiência de seu caso na Justiça britânica nesta semana. (Foto: Reprodução)

O escândalo envolvendo a princesa Haya, uma das seis mulheres do xeque de Dubai, Mohammed bin Rashid al-Maktoum, que fugiu para Londres com os dois filhos, de 11 e 7 anos, há alguns meses, está deixando a Jordânia em uma posição delicada. Natural do país, Haya é meia-irmã do rei Abdullah II, que tenta conter a repercussão do caso e tem nos Emirados Árabes Unidos, país do qual Dubai faz parte, um importante aliado na região do Golfo Pérsico.

A mídia estatal jordaniana, por exemplo, não fez qualquer menção à audiência judicial em Londres na qual Haya pediu uma medida protetiva contra o marido, dizendo que foi obrigada a se casar. A princesa também requisitou uma medida cautelar contra assédio ou ameaça do marido, além de tutela dos seus filhos. Ela pediu ainda uma medida de proteção para uma das crianças contra um casamento forçado.

Haya é filha do falecido rei Hussein, venerado na Jordânia e visto no Ocidente como um dos grandes líderes na região. Assim, embora a mídia estatal mantenha silêncio sobre o caso – o principal jornal do país, “Al Rai”, trouxe em sua primeira página de quarta-feira um encontro do rei com estudantes que se destacaram nos exames do ensino médio –, alguns jordanianos correram para as redes sociais para prestar sua solidariedade à princesa.

“Ela é filha de um rei, neta de um rei e irmã de um rei antes que houvesse um país chamado Emirados”, escreveu o jordaniano Qusai Zreiqat em sua conta no Twitter.

O internauta estava respondendo a aparentes críticas à princesa de um proeminente cientista político dos Emirados Árabes Unidos na terça. Abdulkhaleq Abdulla afirmou, também em sua conta no Twitter, que “uma princesa sensível e respeitável, de uma longa linhagem, não foge, sequestra, desaparece ou mostra ingratidão, e certamente não perturba o espírito de alguém que a acalentou, amou, sustentou e a tratou com dignidade”.

Princesas em fuga

A princesa, de 45 anos, se casou com o xeque de 70 anos, que também é vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos, em 2004, no que se acredita ser o sexto casamento do emir. Al-Maktoum tem mais de 20 filhos com diferentes esposas. Duas de suas filhas, Shamsa al-Maktoum e Latifa bin Mohammed al-Maktoum, também tentaram fugir do palácio recentemente, mas foram recapturadas pelas forças dos EAU e seus advogados dizem que estão sendo mantidas em Dubai contra sua vontade. Em setembro passado, a Anistia Internacional também denunciou que Latifa estava sendo mantida isolada em um local não sabido no país.

A princesa Haya também é filha da falecida rainha Alia, uma figura popular na Jordânia com raízes palestinas que morreu em uma queda de helicóptero em 1977. Ela e seu irmão, príncipe Ali, são considerados por alguns jordanianos os mais carismáticos integrantes da dinastia hashemita. Fontes jordanianas próximas a Haya dizem que sua decisão de levar a batalha legal contra o marido para Londres também tem como intenção poupar o rei Abdullah e a família real de um incidente diplomático.

Jordânia e os Emirados são ambos aliados dos EUA na região do Oriente Médio e tentam mostrar que o escândalo não está afetando suas relações, dizem analistas. Em um movimento visto como uma demonstração dos laços entre os dois países, o rei Abdullah visitou a capital dos Emirados, Abu Dhabi, alguns dias antes da audiência em Londres, sendo recebido pelo príncipe herdeiro do emirado, xeque Mohammed bin Zayed Al Nayhan. A mídia estatal jordaniana fez uma ampla cobertura da visita, mostrando o rei caminhando no tapete vermelho e sendo saudado por uma guarda de honra. Foi a segunda visita de Abdullah aos Emirados em apenas um mês.

“Foi uma mensagem muito clara dos Emirados de que nossa aliança está sólida apesar do que aconteceu e permanecerá forte”, diz Fares Braizat, presidente da empresa de pesquisas políticas NAMA Strategic Intelligence Solutions.

Junto com a Arábia Saudita e Kuwait, os Emirados têm fornecido apoio financeiro à altamente endividada Jordânia ao longo de anos de crises econômicas e agitação política na região, com muitos jordanianos também trabalhando no país.

A fuga de Haya também não está sendo noticiada pela mídia dos Emirados, que frequentemente cobria o trabalho filantrópico da princesa. As limitadas discussões sobre o caso estão confinadas às redes sociais, com as autoridades monitorando de perto os comentários.

A ONG Human Rights Watch diz que o caso da princesa Haya destaca o sofrimento das mulheres que tentam fugir dos Emirados, onde a legislação lhes nega o direito de decidirem por si mesmas em questões como o casamento.

“A princesa Haya teve sorte de conseguir deixar Dubai com os filhos. Esta não é a realidade de muitas mulheres”, diz Rothna Begum, pesquisadora sobre direitos das mulheres da organização.

De acordo com portal do governo dos EAU na internet relacionando os requisitos para um casamento muçulmano, a mulher precisa do consentimento de seu guardião para tanto, e o casamento não pode se consumar sem a aprovação da noiva.

Mas as mulheres que fugiram da Arábia Saudita e outros países do Golfo Pérsico nos últimos anos frequentemente dizem estar escapando de uma vida de abusos domésticos e casamentos forçados. Algumas receberam asilo em outros países, mas diversas foram mandadas de volta à força para seus países de origem a pedido das famílias.

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https://www.osul.com.br/fuga-de-princesa-poe-a-jordania-em-uma-posicao-delicada/ Fuga de princesa põe Jordânia em posição delicada 2019-08-02
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