Sábado, 05 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 2 de julho de 2025
Líder do União Brasil no Senado, Efraim Filho defende que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa decidir pelo diálogo ou enfrentamento na relação com o parlamento.
Em entrevista ao jornal O Globo, o senador, do partido da base da gestão petista, afirmou que o Congresso não dará espaço para a “gastança desenfreada para viabilizar projetos eleitoreiros” do Executivo.
1) O governo sofreu a maior derrota no Congresso com a derrubada do decreto que elevou o IOF. Essa crise vai aumentar ainda mais?
O que vi foi uma reação do Congresso tentando se posicionar. O Congresso não pode ser alvo preferencial do ministro da Fazenda (Fernando Haddad), se é o Congresso que dá sustentabilidade a esse governo, desde a PEC da Transição. Fica claro que o PT não tem uma base para chamar de sua nem condições de impor uma agenda, mas tenta fazer isso à força. Agora é a hora de o governo decidir se parte para o diálogo ou insiste no enfrentamento.
2) O Planalto vinha apostando em uma relação direta com os presidentes Hugo Motta (Câmara) e Davi Alcolumbre (Senado). Esse modelo não gera muita dependência?
Isso não é causa, é consequência. O governo abdicou de lançar candidatos próprios às Casas por saber que não conseguiria impor a sua agenda. O resultado foi dois presidentes eleitos com apoios do governo e da oposição. Com isso, o centro ganhou força nessa eleição, pelo seu poder de aglutinar. O caminho que sobra ao governo é articular com dois presidentes empoderados depois dessas eleições.
3) O União Brasil tem ministérios e um pré-candidato de oposição. Como fica a posição em relação às eleições do ano que vem?
O União tem uma candidatura posta, que é a do governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Ele tem resultados expressivos na segurança pública do seu estado e é um grande articulador político. Ele tem a missão de se viabilizar neste ano de 2025. Mas existe espaço para dialogar com a centro-direita sobre alianças. Ainda é algo prematuro de ser tomado agora, mas há essas possibilidades.
4) Qual seria um prazo razoável para a entrega dos ministérios da federação União-PP se isso acontecer?
Se o compromisso é governabilidade, o prazo é 2025. Em 2026, é impossível dissociar a agenda política da eleitoral.
5) O senhor foi eleito com apoio de Jair Bolsonaro. Com ele inelegível, o senhor acredita que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freiras, é a opção mais factível da direita hoje?
Tarcísio traz o eleitor bolsonarista e o de centro também. Isso é decisivo para vencer as eleições.
6) O União Brasil anunciou a federação com o PP, o que aumenta a força no Congresso. Há muitos nomes de oposição. Isso vai dificultar a relação com o governo?
Vai trazer mais independência nesse trato, o que significa mais autonomia. Não vai haver subserviência ou submissão da federação ao governo. PP e União avançam na identidade e com aspecto majoritário de centro-direita. São partidos que têm contribuído com a governabilidade, em temas econômicos, mas têm se preservado em relação a pautas de comportamento.
7) O senhor assumiu a presidência da Comissão de Orçamento do Congresso. Como garantir que o orçamento de 2026 será votado ainda neste ano?
O orçamento passou a fazer parte da agenda política do Brasil, não é mais uma peça meramente técnica. Começamos os trabalhos deste ano com atraso, mas vamos conseguir recuperar o tempo perdido. Em termos de cronograma, estamos construindo para votar até dezembro, apesar dos atrasos no orçamento deste ano. Precisamos trazer o sentimento de equilíbrio e responsabilidade fiscal. Não vamos dar espaço para gastança desenfreada para viabilizar projetos eleitoreiros em virtude das eleições. As agendas do ministro Haddad, com taxações e mudanças tributárias, avançaram muito nos últimos anos, mas já deu. Quem produz já está pagando muito imposto. Precisamos pensar nas despesas, eliminar desperdícios e custos desnecessários.
8) Em relação ao volume de emendas que será registrado, já temos uma ordem de grandeza? Como vê esse poder do Congresso?
Saímos do orçamento autorizativo, quando o governo autoriza as emendas, e fomos para o orçamento impositivo, que dá protagonismo ao Congresso em relação ao orçamento. A CMO (Comissão Mista de Orçamento) vai priorizar isso, não queremos voltar a um tempo do toma lá dá cá do governo impondo a sua agenda através do orçamento. Hoje, o governo precisa ter argumentos para impor as suas pautas. Essa discussão de emendas ganha notoriedade, mas quando se olha para o orçamento, 90% de gastos são obrigatórios, que é onde mora o grande drama fiscal. (Com informações do jornal O Globo)