Terça-feira, 22 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 15 de fevereiro de 2022
O governo da Rússia anunciou nesta terça-feira (15) o retorno às bases de parte de suas tropas após exercícios na região de fronteira com a Ucrânia, mas a Otan e os EUA disseram ainda não terem visto nenhum sinal de desescalada que possa evitar um conflito.
“Unidades dos distritos militares do Sul e Oeste que completaram suas missões já começaram a embarcar no transporte ferroviário e automobilístico e começarão a retornar para suas guarnições hoje. Unidades separadas marcharão a pé como parte do comboio militar”, disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, em entrevista à agência Interfax.
Durante um encontro com o chanceler alemão, Olaf Scholz, o presidente Vladimir Putin disse que a Rússia está pronta para continuar dialogando com o Ocidente sobre questões de segurança, mas deixou claro que não vai se satisfazer com declarações vagas de que a Ucrânia não deve entrar na Otan em breve.
“Estamos dispostos a continuar trabalhando juntos. Estamos dispostos a seguir o caminho da negociação”, disse em entrevista coletiva com Scholz, com quem se reuniu no Kremlin. “Se queremos uma guerra? É claro que não. Por isso apresentamos nossas propostas para a negociação.”
O anúncio da retirada militar, que ocorreu pouco antes da chegada do presidente Jair Bolsonaro a Moscou, foi o primeiro sinal de que a Rússia pode estar pronta para reverter parte do destacamento de mais de 100 mil soldados perto da fronteira com a Ucrânia, que levou países ocidentais a alertarem para uma invasão iminente do país.
Não está claro, porém, quantos soldados serão retirados. A Rússia já anunciou outras vezes a remoção de tropas perto da fronteira ucraniana, sem que, nos dias posteriores, fotos de satélite indicassem uma efetiva diminuição no número de forças. E o próprio governo russo admite que a maioria das forças permanece mobilizada em uma série de exercícios em larga escala para treinamento operacional de tropas.
Desconfiança
Em pronunciamento horas depois do anúncio da retirada parcial, durante a tarde desta terça, o presidente americano Joe Biden disse que o anúncio é “bom”, mas pontuou que o retorno de parte das tropas ainda não foi confirmada.
“Nossos analistas indicam que elas [tropas russas] seguem em uma posição muito ameaçadora”, afirmou Biden, dizendo que o número de soldados próximos à fronteira com a Ucrânia está estimado em 150 mil e que, caso a Rússia ataque, as sanções “estão prontas”. “Estamos prontos para responder decisivamente um ataque da Rússia na Ucrânia, o que permanece como possibilidade.”
Biden disse ainda que os EUA “não estão procurando confronto direto com a Rússia” e voltou a afirmar que “é preciso dar todas as oportunidades à diplomacia”.
Também nesta terça-feira a Duma, a Câmara Baixa do Parlamento russo, aprovou uma medida que pede a Putin que reconheça a independência das autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk, duas áreas controladas por separatistas pró-Moscou no Leste ucraniano.
Embora ainda não seja considerada oficialmente pelo Kremlin, a decisão pode elevar as tensões em torno da crise. Além disso, o Ministério da Defesa russo anunciou planos de realizar exercícios navais no Mediterrâneo, com o envio de bombardeiros e jatos equipados com mísseis hipersônicos para a base do país na Síria.